Posts publicados em 02/2021

Os cartazes de René Magritte nos anos 1920

Antes de ir para a França e se tornar um dos nomes mais conhecidos do Surrealismo, René Magritte vivia em Bruxelas como um ilustrador, criando peças comerciais ao estilo Déco, via OpenCulture

Os dois cartazes abaixo são para anunciar duas peças da empresa de compra Norine, do casal Honorine “Norine” Deschrijver e Paul-Gustave Van Hecke. Van Hecke também tinha uma galeria de arte, e foi um dos primeiros defensores do Surrealismo — e um dos primeiros a pagar Magritte pelo sue trabalho surrealista.

Ilustração de uma mulher em trajes verdes com o texto “Arlequinade” Uma mulher em trajes pretos com o texto “Lord Lister”

Magritte também fez cartazes para performances musicais, como esses abaixo:

Um rosto abstrato com o texto “Arlita” Uma cantora usando um vestido verde, com o texto “Primevere”

Alguém criou um exercito de corvos (e eles salvaram uma vida)

Das coisas boas demais pra ser verdade: uma pessoa começou a dar comida para os corvos da vizinhança, e eles se tornaram “leais” à ela. O número de corvos cresceu e eles começaram a defender a casa da pessoa de “intrusos” (suas visitas). A história é genial:

A couple months ago, i was watching a nature program on our local station about crows. The program mentioned that if you feed and befriend them, crows will bring you small gifts. My emo phase came back full force and i figured that i was furloughed and had lots of time- so why not make some crow friends.

My plan worked a little too well and the resident 5 crows in my neighborhood have turned into an army 15 strong. At first my neighbors didnt mind and enjoyed it. They’re mostly elderly and most were in a bird watching club anyway. They thought the fact that i had crows following me around whenever i go outside was funny.

Lately, the crows have started defending me. My neighbor came over for a socially distanced chat (me on my porch her in my yard) and the crows started dive bombing her. They would not stop until she left my yard.

/u/crane contou essa história em um subreddit especializado em “aconselhamento jurídico”, questionando se ela seria responsabilizada caso os corvos atacassem alguém. O tópico é divertido por si só, e o conselho escolhido foi sobre como ensinar os corvos a se comportar:

They are resource guarding. To stop them from attacking people, ask guests to bring shiny objects or food scraps to the murder of crows as an offering. You could also supply your guests little baggies of treats for them to offer up. If they dive bomb someone don’t give them food for 24 hours. If they are nice to a guest, give them a high value treat to reinforce positive behavior. Advice from my partner, she was a field biologist that is published in biology/ornithology.

O tópico fez tanto sucesso que /u/crane postou uma atualização sobre como os corvos acabaram salvando a vida de um de seus vizinhos:

The plan worked and the crows are now a beloved part of the community. There have been no recent dive bombings.

Most amazingly, the crows may have legitimately saved my neighbor. Our city had a pretty big ice and snow event recently. Like i said in my last post, most of my neighbors are older. One of my neighbors was walking down his steep driveway, slipped, and couldnt get back up.

The crows started going ballistic and were making more noise than we have ever heard. A different neighbor went outside to see what was up and found the gentleman in his driveway. Neighbor is mostly ok! Just some serious bruises.

De vez em quando a internet consegue ser boa demais.

30 minutos de visuais relaxantes dos filmes de Hayao Miyazaki

Na verdade não são trinta minutos mesmo, são seis — mas as sequências são rearranjadas a cada repetição. Mesmo assim, é sempre bom sentar e acompanhar um pouquinho da beleza pastoral dos filmes do diretor japonês Hayao Miyazaki.

Eu lembro que eu assistia Meu Amigo Totoro sempre que eu ia visitar a minha avó, era o único VHS na casa dela, e eu não via problemas nisso. Eu sempre gostei de assistir um filme que não me agitava nem me dava medo. As coisas acontecem em Totoro, mas num rítimo próprio.

Todos os filmes do Studio Ghibli (com uma exceção) estão disponíveis na Netflix.

O Daft Punk acabou

O Daft Punk anunciou que a banda se separou.

O dia de hoje ficou muito, muito triste. É um fim gigante pra mim, essa banda embalou alguns dos melhores momentos da minha vida, e imaginar que um dia eles lançariam um som novo para embalar um novo momento era uma boa esperança de se ter.

Muito obrigado por todos esses momentos e todas essas memórias, Daft Punk. Que jornada incrível vocês me ajudaram a ter.

Eu me apaixonei por colunas de conselhos

Eu acabei abraçando vários costumes nesse último ano de pandemia e isolamento social. Algumas, como a pizza de sexta-feira, eu mantenho até hoje. Outras, com ler depois do almoço, acabaram alguns meses depois de eu ter começado. Eu acho eles bons definidores do tempo que tá passando durante a pandemia: eu lembro da “época em que eu via filmes nas terças-feiras”, algo que aconteceu entre abril e maio de 2020. Parece muito tempo, mas foi ano passado.

O mais novo costume que eu abracei nesses últimos meses foi ler colunas de conselhos. Eu nem sabia que isso tinha conseguido sobreviver na internet. Eu lembro que colunas de conselhos existiam em revistas de saúde e estilo de vida (geralmente mais voltados ao público feminino), e nunca dei muita bola antes porque eu era jovem e ninguém tem problemas maiores do que um jovem de 11 anos, etc.

Mas colunas de conselhos são muito boas de se ler. Elas têm basicamente duas partes: a primeira é descrição do problema que a pessoa enviou para o colunista, escrita por quem eu imagino que já tenha bastante experiência lendo essas colunas e sabe que é preciso oferecer os detalhes certos para seu correspondente conseguir aconselhar com sucesso, além de um pouquinho de desespero, o que ajuda a deixar o problema mais profundo; a segunda é o conselho em si, em que uma pessoa muito mais mentalmente saudável do que eu responde a coisa certa, dando dicas de como desfazer o emaranhado causado pelo problema.

Tem algo a mais também: eu tenho a impressão de que histórias acontecem com as pessoas que as contam, e em um último ano em que eu tinha a impressão de que nada estava acontecendo comigo, eu comecei a perceber como os pequenos e os grandes problemas do nosso dia-a-dia também são histórias que podem ser boas para serem contadas, já que eu não tenho mais uma viagem ou algo que aconteceu no fim de semana pra contar para os meus amigos. Teve um momento ali pelo meio do ano em que eu achava realmente difícil de enviar um “oi, tudo bem?” para as pessoas que eu me importo, porque eu sentia que nem eu e nem elas tínhamos o que responder.

Acho que essas colunas de conselhos me ajudaram muito nisso. Primeiro eu comecei a usar algum pequeno problema do meu dia-a-dia (geralmente um que tem um final engraçado) pra puxar assunto com meus amigos e não deixá-los se sentindo muito sozinhos. Eu geralmente recebia uma anedota sobre um outro problema como resposta, e assim a gente vai se ajudando. Eu vou deixar o meu “tudo bem?” para quando eu puder ver meus amigos e abraçá-los enquanto eles respondem porque, se não estiver, pelo menos eu vou estar ali pra ajudar.

Colunas de conselhos são tão grandes na internet que existem subreddits só disso, portais que fazem um apanhado dos melhores conselhos da semana, e colunas de colunas de conselhos. Se você quer dar uma chance, minhas duas colunas favoritas são Ask the Fuck-up, da Jezebel (que inclusive foi um dos meus links favoritos do ano passado) e Dear Prudence, do Slate. As duas têm ótimos problemas e ótimas respostas, e as duas autoras não poupam tempo nem tamanho na hora de explicar sua linha de raciocínio. Um dia eu quero ter a saúde mental delas.

Arcade Fire e Owen Pallett anunciam o lançamento da trilha-sonora de Ela

Luva, vinil e fita-cassete da trilha-sonora do filme Ela Detalhes da luva e vinil da trilha-sonora do filme Ela

Eu recebi tantas boas notícias na sexta-feira que eu ainda tô pondo elas em dia. Uma das que mais me deixou feliz foi o email do Arcade Fire anunciando o lançamento da trilha-sonora de Ela, o premiado filme de Spike Jonze lançado em 2013, e um dos meus filmes favoritos de todos.

A trilha de Ela existe na forma de um bootleg que vazou na internet na época em que o filme foi indicado ao Oscar de melhor trilha-sonora em 2014, e desde então ele vive protegido em meu computador. Eu troquei de computador duas vezes desde 2014, e em todas as vezes esse bootleg é uma das coisas que eu mais tomo cuidado para passar da máquina antiga para a nova. É um dos meus bens digitais mais preciosos: uma música etérea, que mistura um pouco de melancolia, saudade e felicidade com sintetizadores delicados e um piano profundo. Ele geralmente é a trilha-sonora das minhas melhores manhãs.

Embora o Arcade Fire tenha anunciado que ia trabalhar em um lançamento da trilha lá em 2014, isso não se materializou até agora. Sexta-feira, o anúncio veio do nada e foi uma surpresa tão boa que eu passei o dia procurando formas de encomendar o vinil. Eu ainda não consegui, mas vou na primeira oportunidade. A trilha também vai ser lançada em fita cassete, nas lojas de música digitais, e nos serviços de streaming como Spotify e Apple Music dia 19 de março.

Parando pra pensar agora, a trilha-sonora de Ela é como o ápice de tudo o que eu gosto. É composto pela minha banda favorita e acompanha um filme que eu amo tanto (e que, se você acompanha esse blog há tempos, provavelmente sabe que eu não consigo parar de falar sobre), dirigido por um dos meus diretores favoritos. Eu tô tão feliz que ela finalmente vai ser lançada mês que vem, mal dá pra acreditar que esse dia vai chegar.

Tijolos de restos plásticos são mais fortes que os de concreto

Eu tava precisando de uma boa notícia essa semana, e olha só essa: uma jovem chamada Nzambi Matee começou uma empresa que fabrica pavimentos feitos com restos plásticos que são mais fortes, duráveis e baratos do que os feitos com concreto. Ainda por cima, ajudam a reduzir um tipo perigoso de poluição que permanece muito tempo no planeta. Pelos seus esforços, Matee foi honrada pela ONU:

Each day, the business churns out 1,500 plastic pavers, which are prized by schools and homeowners because they are both durable and affordable. Gjenge Makers is also giving a second life to plastic bottles and other containers which would otherwise end up in landfills or, worse, on Nairobi’s streets.

“It is absurd that we still have this problem of providing decent shelter – a basic human need,” said Matee. “Plastic is a material that is misused and misunderstood. The potential is enormous, but its after life can be disastrous.” […]

“We must rethink how we manufacture industrial products and deal with them at the end of their useful life,” said Soraya Smaoun, who specializes in industrial production techniques with UNEP. “Nzambi Matee’s innovation in the construction sector highlights the economic and environmental opportunities when we move from a linear economy, where products, once used, are discarded, to a circular one, where products and materials continue in the system for as long as possible.”

Via Colossal, que tem imagens lindas de como Matee e sua equipe pavimentaram os arredores de uma escola.

As fotos que compõem os quadros de Norman Rockwell

Por muitos anos, as obras do pintor Norman Rockwell foram desmerecidas por serem consideradas clichês. Suas pinturas eram retratos do cotidiano, mas seu uso de cores fortes e expressões faciais bem demarcadas são facilmente consideradas como sentimentalistas, que costumavam estampar capas de revistas ou anúncios.

Esse estilo e seus sujeitos — geralmente momentos mundanos, como um garoto levando uma injeção ou uma criança espiando outros passageiros pelos bancos do trem — que fazem a obra de Rockwell ser onipresente. Como outro pintor da época, Edward Hopper, Rockwell se interessava muito mais por representar o dia-a-dia americano. Mas os interesses dos artistas estavam em lugares diferentes, segundo o OpenCulture:

But while Hopper gave artistic form to the country’s alienation, Rockwell — whom history hasn’t remembered as a particularly happy man — created an “American sanctuary others wished to share.” And though neither Hopper nor Rockwell’s America may ever have existed, they were crafted from the pieces of American life the artists found everywhere around them.

Com o passar dos anos, o legado de Rockwell, de clichê e sentimentalismo, foi mudando justamente por sua maestria técnica em compôr cenas perfeitas demais. Rockwell usava das cores e das expressões faciais grandiloqüentes para ressaltar o seu idealismo, e apontar exatamente o que é real e o que não é em sua obra. É mais fácil de observar isso quando a gente observa as fotos que ele encenava com seus vizinhos e amigos como referências para o que ele iria pintar:

Comparativo entre as pinturas e as fotos de referência de Norman Rockwell Foto de homens tocando instrumentos musicais em uma pequena salinha à noite Pintura de homens tocando instrumentos musicais em uma pequena salinha à noite Foto de uma criança espiando um homem a alguns assentos de distância no trem Pintura de uma criança espiando um casal apaixonado a alguns assentos de distância no trem

A NPR publicou um artigo (e um programa de rádio) sobre esse processo do artista, e o Google Arts & Culture têm uma análise ilustrada de como Rockwell usou essa técnica de encenação para criar algumas das obras mais marcantes da luta contra a segregação racial nos EUA dos anos 1960.

Populus Run é uma mistura de WHAT THE GOLF? com Subway Surfers

Eu amo os jogos do estilo “corrida infinita”, aqueles em que o personagem está sempre seguindo em frente e você precisa fazer ele desviar de obstáculos. Pra mim, esse é o melhor estilo de jogo pra celular: jogos como Alto’s Adventure e Super Mario Run têm comandos fáceis e o objetivo é simples, e quando é bem feito os obstáculos vão ficando difíceis o suficiente para desafiar qualquer bom jogador. Então é perfeito tanto para jogar nos minutos em que você espera a água do café esquentar quanto para uma viagem mais longa (seja lá quando a gente puder viajar de novo).

Esse fim de semana eu experimentei Populus Run (Apple Arcade para iPhone, iPad, Mac e Apple TV). Ele me lembrou muito WHAT THE GOLF?, outro jogo favorito do Apple Arcade, porque ele pega um estilo de jogo e vira do avesso. Populus Run faz isso sendo uma corrida infinita de multidões, então você controla um grupo de pessoas através de pistas com bolachas gigantes e montanhas de batatas fritas. Nem todo o mundo chega nos checkpoints, alguns são esmagados por obstáculos, outros vão cair em buracos, mas é divertidíssimo perceber como o jogo consegue fazer você brigar com a própria física do jogo para fazer uma dúzia de pessoas entrar em um túnel que só vai ter lugar para metade delas.

Cada pista de Populus Run oferece alguns objetivos, como número mínimo de pessoas que devem chegar ao final, ou número de moedas (que têm o formato de Pingo d’Ouro) ou “segredos”, que são personagens vestidos com roupas estranhas. Esses são especialmente difíceis, as roupas grandes deles ocupam muito espaço, então se eles encostarem em algum obstáculo eles provavelmente vão cair e ficar para trás.

O mais divertido pra mim é a sensação de caos que os melhores níveis do jogo oferece. Tá todo o mundo correndo, tem uma bolacha recheada esmagando alguns deles, e do nada os outros precisam passar por um trecho estreito entre dois bolinhos ingleses, então mais um tanto vai ficar para trás ali também. É divertidíssimo, e a direção de arte do jogo capricha na textura das superfícies tão bem que dá aquela sensação de sonho para os visuais do jogo.

3:45 PM

Esse curta-metragem de animação de Alisha Liu dura só alguns minutos, mas é especial e muito bonito — as formas simples que ela usa são ótimas tanto para apontar o momento mundano em que as duas personagens estão vivendo e os pensamentos difíceis que uma delas está enfrentando.

Via Kottke, que inclusive descreveu isso como um “susto de domingo”, algo que acho que acomete todo o mundo, mas que eu não sabia que tinha um nome.

O remaster de Mass Effect parece glorioso

Aqui vai uma coisa que você provavelmente não sabe sobre mim: eu sou um fã insuportável de Mass Effect. Eu sou fascinado por essa ópera espacial desde que o original foi lançado no Xbox 360, quando ele era o ápice da narrativa interativa em jogos AAA desse lado do mundo. Agora que esse tipo de jogo não é feito mais pelas grandes desenvolvedoras do ocidente, eu sinto um carinho ainda mais especial pela franquia, mesmo com a dor que foi ver Mass Effect Andromeda ser uma bagunça.

Então eu tô empolgado, pra dizer o mínimo, com o remaster da trilogia original, que eu acho a melhor coisa que a BioWare já fez (desculpa, Raul!). Mass Effect: Legendary Edition inclui os três jogos e (quase) todos os DLCs e vai ser lançado em 14 de maio para PC, Xbox One e PS4 e tá glorioso. O trailer acima captura muito do que ME tem de tão especial: é como um romance, em que histórias seguem se espiralando em outras histórias diferentes, da ação à aventura ao romance e ao terror. Tudo o que eu queria era poder jogar essa trilogia deitado na minha cama no meu Switch, mas nem esse agrado a EA me faz.

Um vídeo de um show do Daft Punk em 2007 acabou de aparecer na web

Daft Punk não faz muitas apresentações ao vivo. Na verdade, elas são tão raras que hoje em dia elas alcançaram aquela fama quase mítica e quando imagens de uma apresentação deles aparece na internet, é como se alguém tivesse conseguido gravar um ovni aparecendo.

Esse show que Johnny Airbag divulgou no YouTube fez parte do Alive 2007, um disco com gravações da turnê do Daft Punk. O vídeo foi gravado em Chicago em 2007, no primeiro dia do Lollapalooza.

O último álbum do duo foi Random Access Memories, em 2013, e já passou da hora de aparecer um novo disco por aí.

Via Kottke.