Tacoma é uma boa alternativa para quem tem muito medo de Alien: Isolation (eu)

Eu tô jogando Tacoma essas últimas semanas. Tacoma é um jogo de mistério em que você investiga o que aconteceu com a população em uma estação espacial através de registrosde conversa e acesso aos computadores pessoais deles.

Tacoma é um jogo do pessoal da Fullbright, o estúdio que alcançou as estrelas com Gone Home, que tem uma jogabilidade muito parecida: são jogos em primeira pessoa, e você precisa investigar uma série de ambientes. “Investigar” é uma palavra forte pro que acontece, na verdade. Você faz isso mentalmente, mas no jogo a investigação é uma série de ações mundanas: ver capas de livros, olhar com atenção para um quarto, ouvir o disco favorito de um personagem.

Através dessas ações, você vai remontando a história dos personagens que habitavam os lugares que você está. É uma fórmula “simples” – alguns jogadores sequer consideram esse tipo de jogo um jogo, mas eles são babacas –, mas eu acho extremamente eficaz. É fácil de pegar o jeito com os controles, e Tacoma retribui sua atenção com passagens belíssimas. O verdadeiro cuidado desses jogos está em como a história do todo é distribuída cuidadosamente por esses espaços inabitados. A gente vê apenas o que restou daquelas pessoas, mas na nossa mente a gente consegue imaginar quem elas foram, e pelo que elas tavam passando.

Eu cheguei em Tacoma por acaso: eu tava jogando Alien: Isolation, mas eu sou extremamente suscetível à me apavorar em jogos de terror, e tava sendo muito difícil passar por alguns maus bocados naquele jogo. Isolation é lindo, e se você tem o coração e o fôlego pra jogar um jogo em que você está em um ambiente que não quer você lá, eu super recomendo.

O que eu mais gostava em Alien: Isolation, porém, era como ele conseguia capturar aquele sentimento do Alien original, de pessoas que precisam conviver no meio do vácuo mortal do espaço sideral através de câmaras de metal. São espaços muito vívidos, cheios de detalhes sobre a tripulação daquelas naves, e quando o Alien me dava uma trégua eu adorava ficar vasculhando a nave por detalhes sobre a tripulação e ver o apreço aos detalhes que o time da Creative Assembly pôs em cada espaço que o jogador passa.

Mas jogos são feitos com verbos, e alguns deles são mais fortes que outros: em Alien: Isolation, o verbo “sobreviver” é mais forte do que “descobrir”. É um jogo em que você está preso na mesma bolha de ar que um ser feito para matar tudo o que ver pela frente, então é uma questão de prioridade mesmo. Em Tacoma, o desastre já aconteceu, e você precisa ver o que restou daquelas pessoas. “Investigar”, em Tacoma é ver, ouvir e prestar atenção. As vezes, algumas coisas que você está ouvindo só vão fazer sentido bem depois, porque você só ouviu o final de uma discussão e não viu o que causou ela.

Eu sou um fã de ficção científica, e um fã de histórias que se passam no espaço em especial. Tacoma olha para essas histórias com doses certas de fascínio e cinismo: fascínio pela conquista da humanidade, de enviar pessoas para fora do nosso planeta; e cinismo, sabendo que cada conquista da humanidade leva nossos traumas de imperialismo e colonialismo e autoritarismo junto. Mas Tacoma consegue manejar esse cinismo com a humanidade que as melhores histórias no espaço – como Alien – com a beleza da vida humana que a gente leva pra onde nós conseguimos ir. A gente investiga um desastre e o resultado da exploração desenfreada, e o que a gente encontra é a humanidade, que luta para mostrar suas marcas mesmo fora do nosso planeta.

Aqui está o trailer da continuação de Breath of the Wild

Eu tô muito emocionado. Na apresentação, Eiji Aonuma disse que a sequência de Breath of the Wild vai ter seu cenário expandido de Hyrule para os céus.

Tem algo que o time do Aonuma conseguiu nesses trailers que eu simplesmente não sei expressar direito. Eles nos atraem pro seu senso de aventura. Eles querem que a gente vá e explore e descubra tudo o que esse mundo de Zelda tem a oferecer. Esses jogos nos atraem para uma mágica que existe nesses jogos. É como se fosse mágica mesmo.

A sequência de Breath of the Wild deve ser lançada em 2022. Eu acho que, se esse novo Nintendo Switch for real, ele pode ser lançado só quando esse jogo estiver pronto. Zeldas abrem gerações.


Em outras notícias da apresentação da Nintendo na E3, minha lista de compras para o Switch até o final do ano tá assim:

  • The Legend of Zelda: Skyward Sword HD (julho)
  • WarioWare: Get It Together (setembro)
  • Metroid Dread (EU NÃO ACREDITO, outubro)
  • Pokémon: Brilliant Diamond (novembro)

Eu achei que a Nintendo ia anunciar uma coleção de remakes para celebrar o aniversário de Zelda esse ano (a gente sabe que Twilight Princess HD e Wind Waker HD estão parados lá no Wii U), e agosto e dezembro ainda são meses sem nenhum lançamento grande da empresa, então ainda tenho um pouquinho de chance de que isso pode acontecer. Fico feliz que eles mencionaram que Metroid Prime 4 ainda tá em desenvolvimento (eu aposto que esse aí se tornou em um título de lançamento pro novo Switch), e ainda mais contente que o primeiro Metroid em 2D em mais de duas décadas vai ser lançado esse ano. O trailer até chama Metroid Dread de “Metroid 5”.

Enfim, mais um ano sem um relançamento de EarthBound.

Como a montagem de Ted Lasso captura o espírito colaborativo da comédia

Na TV, comédia pode ser filmada de algumas maneiras. As duas mais comuns são os chamados setup de multiplas câmeras (multi-cam setup) e o setup de câmera única (single cam setup). Você provavelmente já viu séries que usam cada uma dessas abordagens, e provavelmente sabe dizer qual é qual instintivamente: as chamadas “sitcom” são geralmente gravadas com várias câmeras em frente à uma platéia. É o caso de Friends e The Big Bang Theory, por exemplo. Já comédias como Fleabag e Ted Lasso são gravadas com uma câmera só, de uma forma mais parecida com um filme.

Nesse texto para o AV Club, Saloni Gajjar comenta como a montagem de Ted Lasso traduz bem a sensação de colaboração do futebol, e das amizades, e como ele cria uma série tão boa de sentir com isso:

Look no further than the first meeting between Ted, Coach Beard, and kit-man Nathan (Nick Mohammed) in the pilot. When Ted and his fellow coach ask the latter for his name, he’s surprised; no one ever asks. Instead of immediately giving an answer, there’s a pause as the camera cuts back and forth between their faces, setting the comedic tone and letting Nathan’s confusion linger (and Mohammed’s performance shine). The joke continues when Ted and Coach Beard see Nathan again and remember his name, and the scene cuts to another look of happy surprise on the kit-man’s face. The Ted Lasso editors build on a similar momentum for every character and running gag. One of the show’s biggest secondary arcs is Roy and Keeley’s romance, and the editors prime us to root for them early on by focusing on their longing gazes, flirtatious parking lot conversations, and when Roy finally asks Keeley out in episode eight (“The Diamond Dogs”).

McCoy and Catoline’s intercuts from the field, to the coaches, to the viewers in the stands and those watching the game at home present the matches in an appealing way to fans as well as viewers not particularly interested in soccer. In the establishing shot of the premiere with the AFC Richmond team practicing on the field, the duo combines close-ups of legs and passes with slow-motion scenes and pans out to catch all the gameplay. These jump-cuts, especially in the finale, generate the necessary energy for high-stakes storytelling. This is true of non-game scenes as well. Two of the show’s most memorable moments—the team celebrating its win by going to a karaoke club in “Make Rebecca Great Again,” and Ted’s game of darts with Rebecca’s ex-husband, Rupert (Anthony Head), in “The Diamond Dogs”—speak to McCoy and Catoline’s remarkable ability to follow the script’s character developments and the actors’ work with their cuts.

Ai, ai. Ted Lasso é muito boa. A nova temporada estreia no mês que vem, e eu mal posso esperar.

Um guia gentil para você começar a usar RSS

Eu escrevi aqui (mais de uma vez) sobre como RSS é bom e como ele melhorou meu dia-a-dia na internet depois que eu voltei a usá-lo. Eu tô prestes a terminar um próximo post sobre ele, mas antes disso eu lembrei que alguns amigos meus me pediram ajuda para começar a usar leitores de feeds, e os tutoriais na internet sobre o assunto geralmente são escritos por entusiastas da tecnologia, que têm um tom um pouco presunçoso. Então eu decidi escrever esse guia bem simples de como configurar um leitor e encontrar seus feeds favoritos.

O que é o RSS

RSS é uma sigla para “distribuição realmente simples” em inglês, e é isso que ele faz: ele distribui o conteúdo de um site para outros lugares através de feeds, uma lista desse conteúdo que outros aplicativos podem ler e mostrar para o usuário. Um leitor de feeds é esse aplicativo, que consome o feed — o conteúdo dos posts desse site — e o disponibiliza no próprio aplicativo.

Com o RSS, eu posso distribuir o conteúdo do Pão para um leitor RSS. Com um leitor de RSS, você pode receber o conteúdo distribuído por diversos sites em um só lugar. Você decide de quais, você decide quando abrir, e você decide se quer ler ou não.

Digamos que você assina uns dez feeds: alguns blogs, algumas newsletters, e o feed de um jornal, como a Folha de São Paulo. Quando você abrir o seu leitor RSS de manhã, você vai ver as notícias, os novos posts e as edições de newsletters desde a última versão que você abriu em um só lugar. É como se fosse um jornal personalizado. Essa é a mesma tecnologia que distribui podcasts, então se você escuta algum podcast, você já está usando RSS!

Se o número de conteúdos não lidos acumula, você pode achar maçante ter que abrir seu leitor RSS, então eu recomendo que você assine apenas aquilo que realmente importa para você: os sites que você visita com mais frequência durante o dia, ou blogs que você esquece que existem até que o algoritmo do Twitter ou do Facebook finalmente lembre você de ir lá conferir — eles provavelmente postam raramente, então você não vai ficar com muita coisa acumulada.

Se você pesquisar sobre RSS vai encontrar artigos sobre Atom e XML e versões do RSS. Não se preocupe, de verdade! Um leitor RSS está preparado para tudo para que você não se preocupe com isso.

RSS e redes sociais

As melhores qualidades da internet de antigamente estão preservadas no RSS: ele é composto por arquivos pequenos, então eles carregam rápido, não consomem muitos recursos do seu computador ou do celular. Isso também significa sem anúncios que ocupam a página inteira, ou que controlam a rolagem do seu navegador enquanto você lê.

Diferente das redes sociais, o RSS não é controlado por algoritmos. É um jeito mais calmo de explorar a internet. A lista de posts é ordenada dos mais recentes para os mais antigos. Quando você marca eles como lidos, eles são arquivados. Você pode acessá-los quando quiser.

Você não precisa ter medo de perder algum conteúdo legal. O leitor não vai esconder posts que você não leu porque você ficou a última semana sem abrir o aplicativo. Ele vai esperar você voltar quando quiser. Se você não quiser ler nada, você pode marcar tudo como lido de uma vez. Se algo te interessa, você pode marcar para ler depois.

Usando um leitor RSS

RSS é uma tecnologia aberta e gratuita, então existem vários leitores bem diferentes para você escolher e que melhor se adaptam à sua experiência! Alguns oferecem sincronia entre diversos dispositivos, então sua lista de feeds vai estar atualizada entre seu celular e seu computador, por exemplo.

Esses serviços costumam ser pagos, mas você pode optar por ter um leitor RSS só no seu computador ou só no celular, ou receber feeds diferentes em cada dispositivo. E para isso existem várias alternativas gratuitas. Fica ao seu critério como você vai querer usar.

Alguns dos mais populares são:

  • Feedly, com planos gratuitos e pagos.
  • InoReader, também com planos gratuitos (bem generosos!)
  • The Old Reader, o plano gratuito é cheio de recursos
  • Feedbin, pago mas com recursos poderosos

Todos eles oferecem os mesmos recursos básicos, então é muito mais uma escolha sobre o design do que você mais gosta e se os recursos “extra” te chamam mais a atenção. Eu uso o Feedbin, por exemplo, porque eu posso criar feeds de perfis no Twitter e de canais no YouTube. É muito útil!

Uma ótima alternativa também é o Livemarks, uma extensão para o Firefox que permite que você assine um feed na barra de favoritos do navegador. A extensão cria uma pasta com os links mais recentes do feed e os atualiza na periodicidade que você escolher. Eu gosto muito de usar essa extensão para feeds que se atualizam constantemente, como a Folha de S. Paulo, porque as últimas notícias ficam sempre se atualizando enquanto eu trabalho.

Encontrando feeds

Todos os blogs possuem feeds, e a maioria dos jornais oferecem feeds gerais e específicos. Se você quer receber todas as notícias publicadas no G1 você pode, mas se você quiser receber apenas as notícias de um colunista ou de uma seção (Esportes, por exemplo), o site oferece um feed específico para você só receber o conteúdo daquilo que desejar.

O jeito mais fácil de encontrar um RSS é pesquisar pelo nome do site e o termo RSS no Google. Cada página de escritor no Medium oferece um feed; cada canal do YouTube também.

Para assinar esses feeds, você só precisa copiar a URL da página para o seu leitor. Ele vai escanear a página pelo endereço do feed e assinar. Você pode organizar seus feeds em pastas ou em tags, para deixar tudo arrumadinho.

Seu RSS é algo que você vai construir com o tempo. Você vai descobrir um site legal ou um canal no YouTube interessante, e então você assina o feed. Se você perder o interesse por algum desses feeds, ou se eles postam demais e você se sente perdido, você cancela a assinatura. É tudo muito simples, e você tem o controle sobre tudo.

Como as melhores tecnologias da web, o RSS foi feito para melhorar o seu dia e fazer você se sentir bem. Está na hora de a gente voltar a usá-lo!

E não esqueça de assinar o feed do Pão no seu novíssimo leitor.

Quem é você, Charlie Brown?

Esse é o trailer de Quem é você, Charlie Brown?, um documentário sobre o criador de Peanuts, Charles M. Schulz que vai estrear na Apple TV+ no próximo dia 25.

O documentário vai ser narrado por Lupita Nyong’o e parece bonzão. Eu tô gostando um bocado da leva de produções de Peanuts que tão aparecendo na Apple TV. Eles tem todo o acervo dos desenhos clássicos (com exceção de Snoopy, volte para cara) e Snoopy & Sua Turma é um charme. Se você gosta de espaço e de Peanuts, como eu, Snoopy no Espaço é ótimo. Eu só gostaria de uma série animada da turma mesmo, não só do Snoopy. Quem sabe mais pra frente.

No Sudden Move, e outros filmes que tem mais elenco do que espaço no cartaz

A HBO lançou o trailer do novo filme de Steven Soderbergh, No Sudden Move:

No Sudden Move parece um tipo específico de filme que eu adoro, que é aquele em que tem tanta gente boa no elenco que parte da graça é ver como eles conseguem encaixar o nome de todo mundo nos cartazes e nos trailers. São filmes que, com tanto talento, precisa de muita trama pra fazer render, então os filmes vão pra tudo o que é lado e inventam as desculpas mais improváveis para “acumular” essas atuações. É como ler um baita livro.

Isso acontece direto nos filmes do Wes Anderson também, como em O Grande Hotel Budapeste e no seu novo filme que estreia em Cannes esse ano, The French Dispatch – o filme que eu mal posso esperar pra assistir na minha primeira ida ao cinema depois da vacina:

O falante mais rápido do mundo canta “Bad” em 20 segundos

John Moschitta Jr. era considerado o homem que falava mais rápido no mundo, e para provar tem esse vídeo de 1987 em que ele recita “Bad”, de Michael Jackson, em vinte segundos. A música original tem mais de quatro minutos e meio.

Em contrapartida, esse vídeo acabou de reduzir a velocidade da minha fala porque meu queixo ainda não voltou pro lugar.