As séries que me fizeram companhia em 2020

Mesmo com mais tempo livre para ficar assistindo TV durante os últimos dez meses, eu não assisti muito mais séries do que em 2019. Minha grande suspeita, como eu já expliquei em agosto, é que eu não ando mais maratonando séries. Eu prefiro ver elas por semana, ou no mínimo dia sim, dia não. Mesmo assim, algumas séries realmente me ajudaram a manter um senso de continuidade em um ano onde tudo pareceu parado.

Eu não vou listar todas as séries que eu vi ou que eu comecei a ver esse ano, mas sim aquelas que eu acho que me estimularam e que eu gostei de ter feito companhia nos meus finais de tarde aqui em casa, mais ou menos na ordem que eu assisti elas.

  • Fleabag (Prime Video). Foi revendo essa série entre fevereiro e março que me fizeram voltar a escrever pro Pão. Ainda é uma das melhores séries que eu já vi.
  • The Good Place (Netflix). A última temporada acabou sem fazer muito barulho, mas o bom humor e a honestidade emocional que a série usa para explorar ideias como “o que é ser uma pessoa boa?” e “como viver feliz?” foram essenciais ali pros meses onde tudo ainda estava muito confuso.
  • Community (Prime Video e Netflix). Ah sim, eu revi Community esse ano também, como todos os anos. Mas também foi a primeira vez que eu revi Community enquanto muitas outras pessoas viam e vinham conversar comigo sobre a série. Foi algo bem especial pra mim, e me ajudou a aguentar (e a aumentar) a saudade que eu sinto dos meus amigos.
  • The Wire (HBO). Como Gilmore Girls, eu vejo The Wire todos os anos. Eu revejo essa série uma vez por ano desde 2009, quando eu vi ela pela primeira vez. É um ritual quase religioso pra mim. Acho que eu nunca vi alguma obra que consegue traçar um panorama e fazer um mergulho nos sistemas que moldam a sociedade com todas as suas armadilhas. É uma série que nos faz ter uma visão mais aguçada das coisas, e um lembrete para observar mais a fundo como a gente falhou em 2020.
  • Central Park (Apple TV+). Eu não tinha ideia que eu ia acabar gostando de uma série na Apple TV+ mas puxa vida, Central Park é divertido demais. Eu adorei como a série misturou musical com eventos nada grandiosos do dia-a-dia de uma família. Ver as pessoas se divertindo em um parque (mesmo que numa animação) me fez lembrar de como é bom caminhar por aí.
  • Betty (HBO). Essa série foi uma surpresa maravilhosa pra mim. Eu nunca pensei que ia gostar de acompanhar skatistas matando o tempo pelas ruas de Nova York, mas acabou sendo o ponto alto das minhas semanas — passar o tempo com elas é bom demais, e me fez um bem pra caramba.
  • Eu Terei Sumido na Escuridão (HBO). Eu não acredito em “guily pleasure”, então fica aí a declaração que eu amo série sobre investigação de assassinos em série, mesmo as mais bobas, mas Eu Terei Sumido na Escuridão me pegou de surpresa por virar a premissa de ponta-cabeça e não tornar o assassino em uma figura mitológica, se interessando muito mais pela visão que suas sobreviventes tinham dele, e da escritora que ajudou a resolver o caso.
  • I May Destroy You (HBO). Foi difícil ver a minha série favorita do ano, porque ela entra na pele da sua protagonista de um jeito tão desconfortável que era duro olhar pro que ela revelava da Arabella (e de mim), mas ao mesmo tempo era impossível não assistir, porque a intensidade dessa série é contagiante. Não saber o que vai acontecer na cena seguinte era o lampejo de imprevisibilidade que eu precisava.
  • Gilmore Girls (Netflix). Eu decidi rever Gilmore Girls com mais calma esse ano, porque eu acabei usando a série como uma muleta nos anos anteriores e eu precisava cuidar um pouco mais de mim e não me deixar fugir para Stars Hollow na primeira oportunidade. Mesmo assim, eu continuo visitando minha cidadezinha favorita da TV uma vez por semana. É sempre bom.
  • Perry Mason (HBO). Fiquei preocupado que os primeiros episódios de Perry Mason eram muito “TV prestígio”, mas o terceiro episódio chegou e a série me ganhou com seu interesse em ir além do protagonista-trágico. São poucas as séries hoje que conseguem ter o fôlego de deixar seus personagens coadjuvantes terem suas próprias trajetórias. Mal posso esperar pela segunda temporada.
  • Enlightened (HBO). Se você lê A Baguete já sabe que eu quero escrever sobre esse clássico cult de duas temporadas, mas a versão resumida vai aí: Laura Dern se destrói inúmeras vezes nessa série, mas é em todas as novas maneiras que ela encontra para se reconstruir que mora a beleza.
  • The Mandalorian (Disney+). Eu gosto bem mais da primeira temporada porque ela não tenta ficar conectando tantos eventos à Saga Skywalker, mas Pedro Pascal sendo o pai de um bebê Yoda em uma série bem episódica como há tempos não víamos é tudo de bom. Mal posso esperar pra rever o Mando em dezembro.
  • The Americans (Prime Video). Chegou no finalzinho do ano, e é o que eu tô assistindo agora. Impressionante como eu não escrevi sobre The Americans ainda por aqui, porque quando ela estava no ar há uns anos era algo que eu não conseguia parar de falar sobre com meus amigos. Eu tô no início da segunda temporada agora, e amando como a série é bem sutil em transformar o drama da primeira (espiões que também são um casal com problemas conjugais) com o da segunda (pais que percebem que o trabalho deles coloca a vida de seus filhos em risco).