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videogamedunkey faz uma resenha surpreendente de Playtime

videogamedunkey é um dos meus canais favoritos no YouTube. Ele faz ótimas reviews de jogos que são ao mesmo tempo engraçadas e esmiuçam muito bem como o jogo funciona ou não. Ele também faz vídeos engraçados de vez em quando.

Eu não tava esperando que ele fizesse uma review de um filme, principalmente não de uma comédia quase experimental francesa dos anos 1960, mas aí está. E é uma ótima resenha, inclusive, que consegue esmiuçar como esse filme faz você procurar o que olhar, e porque isso é legal.

“Esse filme” é PlayTime, um dos melhores filmes que eu já vi e provavelmente o filme mais impressionante de todos. É uma comédia gigante, tanto em escopo quanto em potência, e eu recomendo muito se você não viu. PlayTime é um filme estranho no início, então eu realmente recomendo que você assista à resenha do Dunkey antes de assistir para te preparar pelo que está por vir.

Se você gostar de PlayTime, o que eu acho muito provável que vai acontecer, eu também recomendo que você se aventure em toda a filmografia do seu diretor, Jacques Tati (o MUBI faz uma retrospectiva do diretor de vez em quando). Tati é um dos grandes mestres do cinema, que tinha um domínio surreal sobre o que e como a gente vê um filme. E são grandes filmes, que precisam ser vistos em telas gigantes para poder entender o que está acontecendo. De certa forma, PlayTime é como nada do que você já viu ou foi feito no cinema, e ao mesmo tempo é o progenitor de muito o que foi feito no audiovisual desde então.

Video Works: uma jornada pela história dos jogos

Eu escuto poucos podcasts por vez, então nem sempre tenho o que ouvir durante o trabalho. As vezes eu começo a ouvir um podcast novo e posso ficar horas tirando o meu atraso ouvindo todos os episódios até ali. Mas isso é raro, e eu não consigo ouvir muita música enquanto tô trabalhando.

Foi então que eu decidi seguir uma recomendação feita (há muito tempo) por um amigo meu e assistir os vídeos de Jeremy Parish, um escritor especializado na história dos videogames. Chamado de Video Works, Parish acompanha a história moderna dos consoles (tudo o que veio depois do crash da Atari nos anos 80) de forma cronológica.

É um trabalho gigante, e muito divertido. Parish não fala só dos jogos ou dos consoles, mas oferece uma contextualização gigante ao redor dos seus lançamentos — como a crise energética dos EUA ofereceu uma oportunidade única para os videogames japoneses desembarcarem no ocidente, por exemplo.

Video Works é dividido em várias playlists, como NES Works e Game Boy Works. Se você tem um interesse em especial por algum console em específico pode ir numa playlist específica com tranquilidade, já que as séries são autossuficientes. Até mesmo os vídeos em si são divertidos. Eu dei uma chance pro projeto assistindo o vídeo sobre o Super Mario Bros. original, e é fantástico.

As coisas incríveis que meus amigos fazem

Eu gosto muito de estar próximo dos meus amigos. Antes desse ano, que me forçou a ficar longe deles, eu sempre estava com algum amigo. Seja conversando, seja trabalhando, seja fazendo absolutamente nada enquanto a gente fica sentado no sofá. Eu gosto de estar na companhia dos meus amigos, e sinto bastante falta deles.

Esse ano eu tive que aprender a passar o tempo e acompanhar meus amigos de jeitos diferentes, e um desses jeitos foi acompanhando o que eles fazem. Eu tenho muitos amigos que criam coisas incríveis, e vou aproveitar esse espacinho de internet que eu tenho aqui pra vocês conhecerem alguns deles.

Eu pretendo fazer mais posts assim daqui pra frente. É legal lembrar que eu estou cercado de gente inspiradora como meus amigos, e me sinto menos sozinho escrevendo pro Pão sabendo que logo aqui no lado desse espacinho virtual eu tenho amigos meus escrevendo, filmando, gravando podcasts e cozinhando.


Para ler: o blog da Jéssica

Eu comentei isso uma vez com a Jéssica: mas eu queria saber escrever tão bem como ela. A Jéssica escreve no Medium, e ler ela é uma das melhores coisas que eu fiz esse ano. Suas linhas são objetivas e ao mesmo tempo poéticas, e ela tem aquele dom que eu acho que um grande escritor tem que é a capacidade de fazer ligações entre as coisas que a gente acharia improvável — mas ela faz parecer real, às vezes até inevitável. São textos precisos sobre a experiência que é ser a Jéssica, mas também que é ser humano. Eu me surpreendi lendo Sinestesia, seu texto mais recente, que captura muito memórias da minha infância que eu não sabia que eu ainda tinha.


Para ver: os filmes do Leo

Eu já escrevi sobre o curta que o Leo lançou há uns meses, mas vale deixar um link para o canal do Fantasma do Espaço, que tem um longa e um outro curta também incríveis. Eu já falei lá no outro post, mas vale repetir: o Leo tem um olho único no cinema gaúcho, e talvez no cinema brasileiro, que geralmente é feito por gente “da cidade grande”, ou como alguém dessa cidade grande enxerga o interior. Os filmes do Leo são diferentes, são visões bem íntimas do interior do RS, onde natureza e cidade brigam por espaço.


Para ouvir: o podcast da Manu e da Luísa

A Emanuele e a Luisa, junto com a Roberta, fazem o podcast Cadê minhas Lésbicas. Eu trabalhei com a Manu há dez anos, e desde sempre eu sempre gostei de ouvir (e ler) o que ela tem pra dizer sobre qualquer coisa, e no último ano em que estamos distantes eu tenho o prazer de ouvir suas opiniões em seu próprio podcast. CMLês tem tudo o que um bom podcast de conversa pode ter: é honesto com suas participantes, é engraçado em uns pontos e surpreendentemente emocionante em outros. Como uma boa conversa mesmo. Eu particularmente amo o episódio em que elas dissecam o filme Carol — eu não canso de ouvir sobre esse filme.


Para comer: os pães e tortas da Taís e do Victor

Essa é uma dica mais regional, porque se você não estiver por Porto Alegre (e Santa Maria), provavelmente não vai poder experimentar, mas fica aí o link deles pra você ficar com inveja. A Taís e o Victor começaram a Taís Bakery esse ano — a qual já recebeu uma crítica aqui das fotos de uma das suas tortas. Quando eu preciso ir pra POA eu sempre me organizo para comprar um pão artesanal (divino) ou um cheesecake de paçoca (o qual é um crime e eles precisam ser investigados de tão bom). Eu geralmente gosto de reunir meus amigos para comer uma torta e umas bobagens no meu aniversário, mas como acho que mês que vem a gente ainda vai estar se isolando socialmente eu vou ter que comer essa Torta Brownie Brigadeiro sozinho. Uma pena.

Dua Lipa: NPR Tiny Desk (Home) Concert

Uma das minhas descobertas favoritas durante a pandemia foi o Tiny Desk Concert, pequenos shows realizados nos estúdios da rádio pública americana (NPR), em que uma banda ou um artista se apresentam por alguns minutinhos. É uma versão bem compacta e bem íntima de um show.

Durante a pandemia, as performances no estúdio da NPR estão suspensos, então o Tiny Desk Concert é filmado na própria casa dos artistas. Eu achei o ambiente perfeito para Dua Lipa, que se sente (literalmente) em casa cantando algumas músicas do seu novo álbum, o excelente Future Nostalgia.


Isso me faz lembrar: a rádio pública aqui no Rio Grande do Sul é a FM Cultura (107.7 FM em Porto Alegre) e a programação dela é incrível. Como tudo sob o governo do Bolsonaro (e graças ao panaca do Sartori), a FM Cultura está em perigo e precisa da nossa ajuda.

E se Digimon tivesse vencido?

Eu estou assistindo esse vídeo repetidamente desde ontem. Eu adoro a Jenna e suas análises de como certas escolhas no game design dos jogos que gostamos repercutem. Aqui, ela faz uma análise do que tivesse acontecido se Digimon tivesse vencido Pokémon no final dos anos 1990 pela ubiquidade da atenção das crianças.

O ponto de divergência nas timelines segundo a Jenna é bastante plausível, na verdade. Ele seria a exibição de um episódio do desenho de Pokémon no Japão que provocou convulsões em centenas de crianças. No nosso mundo, isso impactou Pokémon, tirando-o do ar por quatro meses, mas o anime volta e a Nintendo pode dominar a TV e o Game Boy simultaneamente por anos a fio. No mundo que Jenna propõe, Pokémon nunca voltou pro ar, e Digimon teve a chance de dominar tanto os canais de TV quanto os videogames, se tornando o mamute cultural que a Nintendo nunca teria.

É um vídeo muito engraçado, principalmente quando ela começa a falar de como os furries dominariam a cultura popular ou como Mother 3 teria sido lançado pro Nintendo 64. Mas o que eu realmente gosto é em como ela reflete sobre como Pokémon é vital pra existência da Nintendo como ela é hoje. Embora o Game Boy tenha sido um sucesso estrondoso sem os jogos de Pokémon, o lançamento criou uma nova onda de sucesso que fez a Nintendo atrasar o lançamento do sucessor do Game Boy em anos, permitindo que as “revisões de hardware” do portátil existissem. Esse é um impacto gigante, porque muito do sucesso contínuo do Game Boy pra Nintendo — e que tornou a Nintendo a grande monopolizadora do videogame portátil até o lançamento do iPhone — foi o fato deles serem baratos de serem produzidos e vendidos (lá fora, vale lembrar).

Por exemplo, se Pokémon Red & Blue não tivesse sido lançado, o sucessor do Game Boy teria sido lançado no lugar. O nosso sucessor do videogame é o Game Boy Advance, outro sucesso estrondoso da Nintendo porque refletiu a fórmula do original: era ainda menor, era barato e era mais poderoso. O Game Boy Advance não teria sido lançado em 1996, porque a tecnologia que o permitiu ser lançado em 2001 não era tão madura e nem tão barata em 1996.

O Game Boy 2 fracassaria enquanto a Nintendo lutava contra o PlayStation e o PlayStation 2 com o Nintendo 64 e o GameCube, e nessas gerações o videogame portátil foi essencial para a Nintendo, porque vendiam como água. Sem um Game Boy Advance para ajudar a Nintendo a aguentar o baque do fracasso do GameCube, eu duvido que uma “aposta” como o Nintendo DS teria existido. Eu duvido também que a Nintendo tivesse mantido sua linha de portáteis em paralelo aos videogames de mesa, o que nunca resultaria no Nintendo Switch.

Enfim, como vocês podem ver eu também adoro analisar a carreira da Nintendo. A Jenna faz isso muito melhor.

BDG passou um ano lendo todos livros de “Halo”

Minhas preces foram ouvidas.

Eu amo Halo, e tô muito feliz que Halo Infinite vai ser lançado esse ano. É um dos meus universos de ficção científica favoritos, primeiro porque é super desenvolvido — cada planeta tem uma tradição própria, mesmo que seja só uma colônia de uma civilização — e o jogo político se desenvolve por centenas de anos. Também, como o vídeo acima mostra, porque nada faz muito sentido, o que nos lembra que não tem porque levar ele muito a sério.

It's Lit: As línguas artificiais de JRR Tolkien

No último vídeo de It’s Lit, Lindsay Ellis explica como as línguas artificiais criadas por Tolkien para seus livros da Terra-Média influenciaram muito mais do que o gênero literário de fantasia, se transformando em um ramo importante no desenvolvimento de qualquer mundo narrativo — de Game of Thrones à Avatar. Como todos os vídeos do It’s Lit (e o trabalho da Lindsay Ellis de maneira geral), o vídeo trata o tema com fascínio e é só a ponta de uma discussão maior (e é curtinho!)

O que eu mais gostei foi reparar porquê eu gosto tanto da fantasia de O Senhor dos Anéis. Eu tenho a ideia de que eu gosto muito mais quando o gênero fantástico é usado para contar histórias muito íntimas de um personagem tentando sobreviver num mundo muito maior e indiferente à sua existência e aos obstáculos de sua vida — uma fantasia que torna a fantasia em si em algo mais cotidiano, digamos assim.

Eu sempre me referi ao que eu gosto no gênero como essas histórias menores em um mundo muito maior… e Senhor dos Anéis. Mas assistindo o vídeo eu percebi que, na verdade, O Senhor dos Anéis é mais ou menos o que eu gosto em uma escala muito maior: essas são as histórias de alguns indivíduos envolvidos em uma batalha muito maior que eles, e uma situação histórica muito, muito antecedente à eles. A Terra-Média e o mundo narrativo que Tolkien criou é uma versão muito maior do que aquilo que a gente geralmente se refere como “mundo narrativo”, é uma construção social e cultural gigantesca (onde até mesmo os idiomas inventados possuem histórias e um crescimento orgânico), usada para abrigar histórias grandes mas que, dada a herança cultural desse mundo, parecem eventos muito menores em um mundo ainda maior.