O Arcade Fire lançou uma música nova semana passada. Considerando que The Suburbs é um dos meus álbuns favoritos — senão o meu álbum favorito —, me assustei de nunca ter falado sobre a banda aqui. A nova música me lembrou do porquê de eu amar o conjunto canadense, e voilá.
Mas eu não vou falar de “I Give You Power” (que eu gostei um bocado) ou de The Suburbs, eu vou falar do álbum mais recente deles até agora: Reflektor, que é diferente de tudo que esse pessoal já tocou, e que eu demorei pra gostar mas aprendi a amar.
Reflektor me soou muito estranho da primeira vez que eu ouvi. Depois de uma ode à juventude e à saudade com The Suburbs (e depois de ter estreado com o álbum mais importante da década passada, Funeral), o Arcade Fire decidiu fazer algo diferente: um álbum gigante que “adapta” a tragédia grega de Orfeu e Eurídice com a maestria do rock.
É estranho mesmo. Reflektor é ansioso e muitas vezes confuso, mas isso justamente porque ele está preocupado com muitas coisas ao mesmo tempo. O que outras bandas poderiam acabar se perdendo em um álbum prepotente ou sem nenhuma coesão, porém, o Arcade Fire consegue alcançar com maestria homenageando desde Bowie até Daft Punk.
A paranoia que parece viciar as músicas de Reflektor é a mesma que está entranhada em Ela (que a banda compôs a trilha-sonora junto com esse álbum, e que exibe a influência em faixas como “It’s Never Over (Hey, Orpheus)” e “Supersymmetry”). É a de perceber como experimentamos o mundo de uma forma muito diferente daquela de 2009, quando lançaram The Suburbs: agora estamos sempre sozinhos, juntos. Reflektor é um álbum que almeja grande, alcança sempre e nunca está satisfeito. O que só comprova, e promete, até onde o Arcade Fire consegue chegar.