As fotos que compõem os quadros de Norman Rockwell
Por muitos anos, as obras do pintor Norman Rockwell foram desmerecidas por serem consideradas clichês. Suas pinturas eram retratos do cotidiano, mas seu uso de cores fortes e expressões faciais bem demarcadas são facilmente consideradas como sentimentalistas, que costumavam estampar capas de revistas ou anúncios.
Esse estilo e seus sujeitos — geralmente momentos mundanos, como um garoto levando uma injeção ou uma criança espiando outros passageiros pelos bancos do trem — que fazem a obra de Rockwell ser onipresente. Como outro pintor da época, Edward Hopper, Rockwell se interessava muito mais por representar o dia-a-dia americano. Mas os interesses dos artistas estavam em lugares diferentes, segundo o OpenCulture:
But while Hopper gave artistic form to the country’s alienation, Rockwell — whom history hasn’t remembered as a particularly happy man — created an “American sanctuary others wished to share.” And though neither Hopper nor Rockwell’s America may ever have existed, they were crafted from the pieces of American life the artists found everywhere around them.
Com o passar dos anos, o legado de Rockwell, de clichê e sentimentalismo, foi mudando justamente por sua maestria técnica em compôr cenas perfeitas demais. Rockwell usava das cores e das expressões faciais grandiloqüentes para ressaltar o seu idealismo, e apontar exatamente o que é real e o que não é em sua obra. É mais fácil de observar isso quando a gente observa as fotos que ele encenava com seus vizinhos e amigos como referências para o que ele iria pintar:
A NPR publicou um artigo (e um programa de rádio) sobre esse processo do artista, e o Google Arts & Culture têm uma análise ilustrada de como Rockwell usou essa técnica de encenação para criar algumas das obras mais marcantes da luta contra a segregação racial nos EUA dos anos 1960.