A era dos videogames portáteis acabou
A Nintendo encerrou a produção de todos os modelos do Nintendo 3DS no Japão (e provavelmente no resto do mundo também). Esse é, talvez, o fim dos videogames portáteis dedicados.
O Nintendo 3DS é parte da linhagem que conseguiu manter a Nintendo relevante durante gerações de videogame que seus consoles de mesa não conseguiram competir com o PlayStation. O sucesso estrondoso do Game Boy e do Game Boy Advance durante os anos do Nintendo 64 e do GameCube foram essenciais para a empresa no início dos anos 2000, e o sucesso modesto, mas estável, do Nintendo 3DS salvou a Nintendo do fracasso do Wii U (sem falar no DS e o Wii, que venderam como água juntos no fim dos anos 2000 e início dos anos 2010).
Hoje o cenário de jogos portáteis é bem diferente, com qualquer celular sendo capaz de jogar centenas de milhares de jogos, que vão desde quebra-cabeças e Tetris genéricos até RPGs e GTA: San Andreas. É surpreendente que o 3DS conseguiu durar tanto tempo desde que foi lançado, há nove anos, porque era um videogame fadado ao fracasso em um mercado que o iPhone já tinha dominado nos anos finais do DS. A própria Nintendo seguiu em frente, pegando as lições dos portáteis e trazendo para o seu híbrido Nintendo Switch. Vai ser interessante ver como ela vai seguir em frente sem esse braço que já foi fundamental pra ela por muito tempo.
Minha relação com videogames portáteis começou relativamente tarde, mas eu sempre gostei que eles eram uma alternativa relativamente mais barata para os jogadores brasileiros que não tinham dinheiro pra comprar um console de mesa. Eu “herdei” um Game Boy Advance SP do meu primo, com The Minish Cap e Super Mario Advance, e me apaixonei pela ideia. Eu só fui ter um outro videogame portátil anos depois com o 3DS, que eu paguei com o meu primeiro salário de estagiário. Hoje, meu 3DS é meu grande backlog de vários jogos que eu quero/quis/vou jogar com o passar dos anos, já que ele oferece compatibilidade com todos os videogames portáteis da Nintendo e com jogos do SNES e do NES pelo Virtual Console. É uma pequena preciosidade que vai fazer falta — celulares não têm jogos grandiosos mas pequenos como os portáteis da Nintendo ofereciam de vez em quando, e eu não sei se eles vão ter espaço num console de mesa como o Switch.