Posts marcados com comida

Rachel Handler investiga o misterioso caso da escassez de bucatini

Rachel Handler é uma das jornalistas que eu mais gosto de acompanhar o trabalho. Ela escrevia para o The Dissolve, um site sobre filmes que eu amava muito, e sua escrita tinha um tom próprio muito forte: era bem humorado ao mesmo tempo que direto. Ela escrevia sobre qualquer coisa de forma clara, mas conseguia colocar tangentes nos assuntos com observações incisivas e hilárias. Ela tinha uma coluna no The Dissolve chamada “Female Stuff” que eu revisito até hoje.

Enfim, Handler tem escrito para a Vulture/New York Magazine pelos últimos anos, e seu trabalho continua incrível. Mas o texto que ela publicou há algumas semanas é simplesmente a melhor coisa que eu li em meses, uma investigação sobre o desaparecimento misterioso de bucatini, um tipo muito específico/chique de macarrão (aquela espécie de espaguete grossa e longa, com um furo no meio para o molho entrar e explodir na boca quando mastigados) durante a pandemia nos EUA.

“What the Hole is Going On?” começa com ela e seus amigos desesperados buscando esse macarrão por Nova York no meio da pandemia, e acaba se desenrolando de maneira surpreendentes — um pouco disso pelos nomes italianos das pessoas que ela cruza na busca por respostas, o que faz tudo parecer um episódio muito bem humorado de Família Soprano.

Curte só um trechinho, mas eu recomendo ler tudo:

“Rachel!” he roared. “I’ve touched closely to the reason. Because of the environment, people have been using bucatini as straws, instead of a plastic straw.”

“I’m sorry, what?” I asked.

“Yes. You can buy them. There are a couple of companies making them. You can have your soda and then eat your straw,” he said. “It’s like eating your fork or knife.” My mind reeled as it tried to understand and accept this information as true. “But pasta is not a ready-to-eat product,” Rosario added. “You have to cook it. So when you use pasta to drink sodas, you’re drinking and eating a not-ready-to-eat product. You put yourself at risk because that product has never been pasteurized or killed. And the only pasta cut affected is bucatini because of the hole.”

This made both perfect sense and absolutely no fucking sense at all, the sort of demented-timeline event that could only happen in 2020, when everything is, metaphorically, an innocent piece of pasta turned into a straw in a bid to help the environment that actually ends up being fatally dangerous. I confessed to Rosario that every time I made bucatini, I ate several raw strands per minute as I cooked it, as a sort of barometer of al dente–ness. I wondered if I was now going to die because of it, and I made peace with this instantly.

As coisas incríveis que meus amigos fazem

Eu gosto muito de estar próximo dos meus amigos. Antes desse ano, que me forçou a ficar longe deles, eu sempre estava com algum amigo. Seja conversando, seja trabalhando, seja fazendo absolutamente nada enquanto a gente fica sentado no sofá. Eu gosto de estar na companhia dos meus amigos, e sinto bastante falta deles.

Esse ano eu tive que aprender a passar o tempo e acompanhar meus amigos de jeitos diferentes, e um desses jeitos foi acompanhando o que eles fazem. Eu tenho muitos amigos que criam coisas incríveis, e vou aproveitar esse espacinho de internet que eu tenho aqui pra vocês conhecerem alguns deles.

Eu pretendo fazer mais posts assim daqui pra frente. É legal lembrar que eu estou cercado de gente inspiradora como meus amigos, e me sinto menos sozinho escrevendo pro Pão sabendo que logo aqui no lado desse espacinho virtual eu tenho amigos meus escrevendo, filmando, gravando podcasts e cozinhando.


Para ler: o blog da Jéssica

Eu comentei isso uma vez com a Jéssica: mas eu queria saber escrever tão bem como ela. A Jéssica escreve no Medium, e ler ela é uma das melhores coisas que eu fiz esse ano. Suas linhas são objetivas e ao mesmo tempo poéticas, e ela tem aquele dom que eu acho que um grande escritor tem que é a capacidade de fazer ligações entre as coisas que a gente acharia improvável — mas ela faz parecer real, às vezes até inevitável. São textos precisos sobre a experiência que é ser a Jéssica, mas também que é ser humano. Eu me surpreendi lendo Sinestesia, seu texto mais recente, que captura muito memórias da minha infância que eu não sabia que eu ainda tinha.


Para ver: os filmes do Leo

Eu já escrevi sobre o curta que o Leo lançou há uns meses, mas vale deixar um link para o canal do Fantasma do Espaço, que tem um longa e um outro curta também incríveis. Eu já falei lá no outro post, mas vale repetir: o Leo tem um olho único no cinema gaúcho, e talvez no cinema brasileiro, que geralmente é feito por gente “da cidade grande”, ou como alguém dessa cidade grande enxerga o interior. Os filmes do Leo são diferentes, são visões bem íntimas do interior do RS, onde natureza e cidade brigam por espaço.


Para ouvir: o podcast da Manu e da Luísa

A Emanuele e a Luisa, junto com a Roberta, fazem o podcast Cadê minhas Lésbicas. Eu trabalhei com a Manu há dez anos, e desde sempre eu sempre gostei de ouvir (e ler) o que ela tem pra dizer sobre qualquer coisa, e no último ano em que estamos distantes eu tenho o prazer de ouvir suas opiniões em seu próprio podcast. CMLês tem tudo o que um bom podcast de conversa pode ter: é honesto com suas participantes, é engraçado em uns pontos e surpreendentemente emocionante em outros. Como uma boa conversa mesmo. Eu particularmente amo o episódio em que elas dissecam o filme Carol — eu não canso de ouvir sobre esse filme.


Para comer: os pães e tortas da Taís e do Victor

Essa é uma dica mais regional, porque se você não estiver por Porto Alegre (e Santa Maria), provavelmente não vai poder experimentar, mas fica aí o link deles pra você ficar com inveja. A Taís e o Victor começaram a Taís Bakery esse ano — a qual já recebeu uma crítica aqui das fotos de uma das suas tortas. Quando eu preciso ir pra POA eu sempre me organizo para comprar um pão artesanal (divino) ou um cheesecake de paçoca (o qual é um crime e eles precisam ser investigados de tão bom). Eu geralmente gosto de reunir meus amigos para comer uma torta e umas bobagens no meu aniversário, mas como acho que mês que vem a gente ainda vai estar se isolando socialmente eu vou ter que comer essa Torta Brownie Brigadeiro sozinho. Uma pena.

Torta Brownie Brigadeiro

Um dos problemas de viver longe dos amigos é que eu tenho amigos talentosos e eu não posso apreciar eles de perto, principalmente quando o talento deles é um absurdo desses:

Torta de chocolate com massa brownie e cobertura de brigadeiro

Olha mais de perto:

Detalhe dos brigadeiros na cobertura da torta

Eu tô muito triste que eu não moro em Porto Alegre nesse momento. Se você mora, eu recomendo seguir a Tais Bakery no Instagram, onde eu vi esse absurdo de torta. A Taís e o Vitor abrem a agenda por lá e pelo WhatsApp. Eu amo eles e eu amo essa torta.