A minha nova dieta da internet

Em janeiro eu escrevi sobre como o recurso de lista de leitura me ajudou a navegar melhor pela internet nos últimos anos. Porém, há algumas semanas, a forma como eu navego pela internet mudou bastante de uma hora para a outra, e me fez pensar em como eu gosto de como eu navego hoje em dia.

Mês passado o Twitter comprou um serviço que eu utilizava todos os dias: o Nuzzel. O Nuzzel era um agregador de links das pessoas que você segue no Twitter. Ou seja: quando um amigo meu tuíta sobre um artigo, esse artigo aparece no Nuzzel com um “comentário” (o tuíte) do meu amigo. Quanto mais pessoas tuítavam sobre um mesmo link, mais destaque o link recebia no Nuzzel. Há um tempo já eu não acessava o Twitter em si, eu via aquilo que meus amigos comentavam no Twitter através do Nuzzel, que dá destaque ao conteúdo em si. Em sua eterna sabedoria, o Twitter desativou o Nuzzel assim que o comprou.

O Nuzzel era, junto com o Digg, uma ótima forma de descobrir coisas novas na internet. O Pão é basicamente o meu recorte daquilo que eu mais gosto nessas minhas descobertas — um artigo interessante, um vídeo bacana, uma galeria de fotos bonitas no Flickr, etc. O fim do Nuzzel me atrapalhou um bocado, porque ia ser mais difícil de ver o que estava chamando a atenção dos meus amigos, mas me incentivou a repensar em como navegar por aí para não ter que me fazer voltar a acessar o Twitter com maior frequência.


Eu me esforço muito para não depender de acessar o Twitter para descobrir coisas bacanas. Por exemplo: sites que possuem feeds, como Kottke e BLDGBLOG, ficam no meu leitor de RSS. Mas eu descobri que meu leitor também dá suporte à listas do Twitter, então eu criei algumas listas com autores que eu gosto (e que não possuem blogs ou coisas do gênero) e “assinei” a lista no meu leitor.

Minha dieta da internet hoje em dia consiste basicamente em feeds RSS, newsletter e podcasts. Quando links chegam pra mim, eles geralmente são compartilhados diretamente pelo Telegram ou WhatsApp. Eu acho bacana.

Mas uma dieta não é apenas o que, mas também quando e como. No caso, eu não passo o dia inteiro com leu leitor RSS aberto, nem fico de olho no meu email para ler minhas newsletters assim que elas chegam. E esse é um detalhe importante, que eu até comentei no guia de RSS: meu leitor RSS não pode parecer trabalhoso, e o que eu assino por lá importa muito.

Por isso meu leitor RSS não é a única forma que eu assino meus feeds. Eu divido eles em basicamente dois grupos, assinados em lugares diferentes:

  1. No meu leitor RSS eu recebo “descobertas”, coisas postadas em blogs e revistas que postam mais eventualmente. Eu acesso o meu leitor RSS antes do trabalho, no intervalo do almoço e no fim do expediente, e não gosto de ter um número muito alto de artigos não lidos, porque assim eu não vou acabar vendo nada. Vou só ignorar todos os itens e fechar o leitor. Com poucos posts, todos são interessantes.
  2. Feeds que postam mais frequentemente (geralmente sites de notícias), eu assino através do Livemarks, uma extensão para o Firefox que assina feeds RSS e os transforma em pastas de favoritos (ou live bookmarks) que ficam na minha barra de favoritos do navegador. Como meu navegador está sempre aberto no trabalho (eu trabalho com internet, afinal de contas!), sempre que sobra um tempinho eu dou uma olhada nas últimas notícias da Folha ou do Kotaku, por exemplo. Eu clico nas manchetes que me chamam atenção, e não preciso ficar “marcando como lido” todas as 300 notícias que eu não leio.

O bom dessa forma de navegar pela internet é que ela não é ditada pelo momento em que um link apareceu para mim, e sim o momento em que eu me liberei e posso conferir o link. É uma mudança sutil, mas importante: a gente para de se sentir “preso” à timeline e começa a tomar as rédeas de como acessamos a internet de volta. Eu defino quando e como eu vou acessar os links que meus amigos compartilham, ou que aparecem no meu leitor, que eu acesso quando tenho tempo o suficiente para prestar atenção. A falta de um algoritmo para criar falsos “prazos de validade” faz com que a ansiedade de perder um link acabe, então aquela checagem constante de Twitter, Facebook ou Instagram acaba.

Quando tem algo que eu quero prestar muita atenção, mas não vou ter tempo para ler naquele momento, eu salvo no Pocket, minha lista de leitura que já é integrado no Firefox. Nele eu posso destacar trechos e fazer anotações, e eu gosto de ler meus artigos no Pocket antes de dormir ou tomando meu café antes do expediente. A gente volta a gostar de acessar a internet quando a gente coloca ela à nosso serviço, e não o contrário. Como uma boa dieta, a gente se sente um pouco mais saudável e mais bem disposto também.