Quando eu e o Fillipe decidimos criar o Pão com Mortadela, lá em 2012, a gente ficou matutando por um bom tempo sobre que nome dar. No fim das contas a gente buscou inspiração nos nossos blogs favoritos da época, e um deles era um blog de resenhas de discos chamado Miojo Indie. A gente seguiu o tema de comidas e escolheu um lanche que por sinal era o que a gente fazia quando se reunia na minha casa de tarde pra discutir nossos planos mirabolantes pro que seria o PCM.
Criado em 2010 e mantido até hoje por Cleber Facchi, o Miojo Indie publica quase que diariamente resenhas, compilações e especiais sobre álbuns, artistas e carreiras musicais. De críticas dos álbuns lançados na última semana à listas periódicas de melhores discos, o blog é há anos a minha referência do que ouvir e o que descobrir pra preencher os minutos de silêncio do meu dia-a-dia.
O Miojo Indie inspirou o futuro do PCM de várias formas. Não só no nome, mas no formato, de que textos ricos e exposições e investigações temáticas valem a pena para entendermos aquilo que gostamos e o que não gostamos, e nos fazem entender os porquês.m 2010 a gente se relacionava com música na Internet de uma forma bem diferente: nós precisávamos de blogs e sites como o MI e a Pitchfork para descobrir quais os melhores lançamentos e descobertas de sons diferentes e que promissores, e o Miojo Indie me ajudava a encontrar músicas que eu achava que ia gostar para então procurar links para download uns blogs desconfiados ou em comunidades do Orkut. Os textos do Cleber desbravavam o desconhecido da música pra mim, e foi ali que eu descobri álbuns como Wolfgang Amadeus Phoenix e For Emma, Forever Ago, por exemplo. Músicas que formaram anos da minha vida e que eu carrego comigo hoje.
O fato do Miojo Indie existir até hoje, quando muita gente descobre o que quer ouvir nas playlists automáticas do Spotify ou do Apple Music, ou no autoplay infinito do YouTube enquanto muitos outros blogs de música deixaram de existir, é sinal de que esse é um formato que deu certo: o de encontrar e recomendar, o de querer entender a arte que você ama e por que você ama e querer encontrar outras pessoas que compartilham do mesmo gosto — ou que vão te ajudar a expandir o seu.
Esse foi o espírito que levou à criação do PCM há alguns anos atrás, e é legal ver ele vivo aqui e acolá na internet, seja no blog do Cleber ou no rizzenhas da Taize ou aqui nesses lados do PCM. É bom ir ali no Miojo Indie e descobrir o que o Cleber recomenda de música boa porque se dependesse de mim eu ia escutar os mesmos álbuns de novo e de novo até o fim dos tempos, e ver que existe muita música boa por aí só esperando para você descobrir, e ter um espaço bacana que te guia nessas descobertas todos os dias junto com textos bem embasados sobre o que faz essa música ser tão boa e como ela faz alguém sentir algo novo é sempre uma experiência compartilhada.
Eu acho que uma das partes mais bacanas de ver os filmes, as séries, ler os livros e escutar as músicas que amamos é pararmos para entender o que amamos nela. E o que o Miojo Indie proporciona — um espaço onde uma pessoa que entende mais do que eu e você sobre algo e o explica para nós para que possamos colocar nossa interpretação em cima — é um bom ponto de partida para conhecermos esse lado mais instintivo da nossa vida, e uma das partes mais bacanas da Internet.