E então, o que tu acha dessa onda de filmes e séries de super-heróis que explodiu nessa última década?
Na verdade, pouco importa o que a gente acha, porque essa onda é poderosa e parece que tá aí pra ficar, principalmente depois dos sucessos gigantescos de Mulher-Maravilha, Guardiões da Galáxia 2 e Homem-Aranha: De Volta Ao Lar. No meio desses universos cinemáticos da DC e da Marvel, onde a Liga da Justiça está se formando e os Vingadores originais estão quase se aposentando, aqueles primeiros filmes dos X-Men, lá no início dos anos 2000, parecem coisa de criança. Eles não moldavam franquias e franquias que compunham um universo altamente intrincado onde cada filme prosseguia com uma grande narrativa. Eles apontaram o futuro do blockbuster, quase sem querer, e daí não conseguiram sobreviver à pesada concorrência. Até agora.
Legion, a nova série da FX é a primeira série da franquia X-Men, e ela é diferente de todas as outras, e muito particular na própria TV.
Os X-Men sempre foram plurais. Existem muitos por aí, e todos muito diferentes — alguns são tão diferentes que ninguém sabe exatamente quais seus poderes. Demorou, mas a Fox encontrou nessa amplitude a forma perfeita para esses personagens. Logan apresentou o melhor filme de super-herói em anos e, na TV, Legion é um futuro brilhante.
Centrada em David Haller, o Legião, interpretado aqui pelo Dan Stevens (que está em aproximadamente 170% dos filmes esse ano), a série é tão única quanto seu personagem. Criada pelo mesmo showrunner da antologia Fargo, Noah Hawley, Legion usa das especificades de um dos X-Men mais legais pra fazer uma série igualmente cheia de especificidades.
Essa primeira temporada de Legion, pra ter uma ideia, se passa quase toda dentro da cabeça de David Haller. E a gente precisa ficar desvendando o que é realidade e o que é invenção das múltiplas mentes que habitam o cérebro do Legião. Acredite: a série é divertidíssima, e tem algumas das cenas mais legais do ano (em um ano com Twin Peaks cada vez mais… únicos… é algo a se considerar).
Legion parece apontar pra um futuro brilhante para os super-heróis, nem que seja só nessa série. Apostando demais na identidade do herói principal, Noah Hawley investe em uma estética particular pra série e se diverte um monte ao fazer a narrativa parecer estar sendo manipulada pelo próprio Haller. É uma loucura, é único e é divertidíssimo do início ao fim. E aponta pra um futuro ainda melhor. É a melhor temporada de estreia do ano.