Eu sou uma das seis pessoas no planeta que não gosta de Primer, o primeiro longa-metragem do diretor Shane Carruth. Pode falar que é porque eu não entendi, não tem problema, eu realmente posso não ter entendido; mas eu também não me senti apaixonado pela história pra fazer como os fãs e diagramar as linhas do tempo para tentar decodificar o que, afinal, tava acontecendo por lá.
E parece que a história ia se repetir quando eu assisti Upstream Color pela primeira vez. Eu não detestei, mas eu achei um saco. O problema, porém, foi depois. Desde 2013, quando eu vi ele pela primeira vez, Upstream Color não saiu da minha cabeça. Daí, em dezembro do ano passado, eu decidi dar uma chance pra ele de novo.
Upstream Color é uma ficção científica, mas também uma história de amor: Kris, que é drogada e infectada por um ser misterioso e acaba sendo roubada por um Ladrão; e Jeff, um corretor que também é infectado por esse ser. A partir daí, eles se encontram e tentam decifrar o que aconteceu com eles, e essa busca é uma jornada emocionante por um intrincado labirinto que Carruth criou para seus personagens, e os guia com precisão e fascínio.
Carruth é conhecido por ser um diretor aburdamente intelectual (ele era um engenheiro de sistemas antes de partir pro cinema), e em Upstream Color ele dirige, escreve, estrela, co-produz, monta, e compõe. Sua inteligência e mistério está na tela: padrões de cores sobrenaturais e enigmas enchem a história de Kris e Jeff. Mas Upstream Color é, mais ainda, uma história afetuosa sobre perda, busca e redescoberta — e como não podemos encarar essa jornada sozinhos.