Eu não queria sair da ilha de Dear Esther.

Eu me apaixonei por Dear Esther logo depois do fade in. A gente está numa marina abandonada, e uma voz começa a ler uma carta. Você anda.

Dear Esther é um jogo em primeira-pessoa que se inspira nas cartas e na literatura que se formou ao redor das Ilhas Hébridas, no oeste da Escócia. Famosas por suas grandes e vazias paisagens, povoada geralmente por focas nas suas praias.

O selvagem inóspito das Ilhas Hébridas, que formam um espírito de melancolia e vastidão, não são algo novo. A literatura gaélica, focada na exploração de algumas das ilhas do arquipélago e a criação de mitos preenchem a história das Hébridas. Dear Esther não tem medo de começar por aí: em formato de cartas lembrando e recontando acontecimentos antes e depois de uma viagem definitiva, o autor desconhecido fala de sua amada, da saudade que sente por ela e dos pensamentos conflitantes que têm enquanto vaga as trilhas.

Enquanto isso, o jogador anda pela Ilha, um ambiente lindo e desolado. Há ruínas de casas, de um farol e de algumas construções. Há uma linda caverna, há um prado belíssimo. É tudo absurdamente lindo, mas Dear Esther fica na memória, depois das poucas horas de jogo, porque seja lá quem escreveu aquelas cartas estava desesperado.

Vendo a beleza e o isolamento daquela Ilha, dá pra saber o porquê. É uma beleza sufocante.