Em To The Moon você é a história de amor

Se você, assim como eu, é fascinado pelos jogos de RPG, mas tem problemas com toda aquela complexidade desnecessária de classes, grupos, mecânicas de batalha; ou com os clichês traiçoeiros que eles exploram, vai adorar To The Moon. Feito sob medida para aqueles que gostam de jogos “narrativos”, como andam chamando por aí, o jogo permite ao jogador ser o sentimento que liga um casal, perdido em memórias.

Assim como Ela, To The Moon é uma ficção científica que adora suas tecnologias, e não tem medo delas. Aqui, nós seguimos a Dra. Roselane e o Dr. Watts enquanto eles precisam viajar pelas memórias de Johnny Wyles, descobrindo sobre seu casamento infeliz com River, sua companheira desde a escola. Wyles está prestes a morrer, e a missão de Roselane e Watts é a de criar memórias que o façam pensar que viveu uma vida sem arrependimentos.

De maneira bem semelhante ao que acontece com Joe em Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, a mente não trabalha como os doutores imaginaram e criar memórias se torna impossível. Cabe aos doutores, então, revisitar as memórias de Wyles e explorar o porquê de sua vida infeliz, e porque ele deseja ir à lua, para entendê-lo e então realizar seu desejo.

Em To The Moon, o jogador vivencia as memórias de Wyles e de sua vida com River. Sem dar detalhes de como a narrativa se desenvolve, posso dizer que em To The Moon, devido à situação de Wyles, o jogador serve como a ligação entre ele e River nessa história de amor. Servindo não como um mediador de um relacionamento, mas de uma lembrança de porque os dois se amam, o jogo nos oferece um lugar de destaque em sua história — na qual somos tão protagonistas quanto Wyles e River naquilo que representamos para eles.

Sendo delicado sem ser meloso, To the Moon explora os melhores lados do RPG (inclusive no estilo visual, que lembra bastante os antigos Final Fantasy) enquanto oferece uma história realmente significativa para seus jogadores e para seus personagens. O final, emblemático, coloca o jogador como meio e fim, como todo o bom jogo deve fazer.