Todo mundo tem um gênero de filme preferido, mas uma coisa é fato, não há quem não se renda aos encantos de uma boa animação, acho que é uma espécie de pausa nessa coisa chata de ser gente grande. E para alegrar esta terça-feira de inverno, a dica de hoje é uma das melhores (e com certeza a mais bonita) animações que já vi na vida, Ernest & Celestine.
O filme, que é baseado nas histórias infantis da escritora e ilustradora belga Gabrielle Vincent, conta a história de Celestine, uma pequena ratinha que vive em uma cidade subterrânea, onde os ratos crescem ouvindo histórias sobre Os grandes ursos malvados, que vivem na cidade acima. É lá que vive Ernest, um grande urso um tanto quanto ranzinza, mas que de malvado não tem nada.
Então como poderia haver uma relação entre esses dois personagens, senão da forma mais trágica possível? A beleza dessa história se afirma na visível diferença de Celestine. Ao contrario de todos os outros ratos da cidade, ela não teme os ursos, e chega ate a questionar a veracidade das histórias contadas a eles sobre a crueldade dos vizinhos da cidade acima. Celestine nem mesmo compartilha do sonho de todos os ratinhos, de se tornar dentista. Ela sonha em ser uma artista. Sonha em ser diferente.
Então Celestine e Ernest finalmente se conhecem, em um pequeno incidente, onde a ratinha quase vira o café da manhã de um urso faminto. Mas depois de muita insistência por parte da pequena, (que queria provar não só para os outros ratos mas também para si mesma que nenhuma amizade é impossível) os dois acabam construindo uma linda amizade. E apesar da grande diferença ilustrada entre os dois, não só no tamanho, eles compartilham de uma grande paixão, a arte. A partir daí os dois descobrem que não são diferentes assim, e acabam se metendo em grandes confusões por conta dessa amizade tão improvável.
Apesar de não ter levado a estatueta de melhor animação pra casa (que ficou com o filme da Disney, Frozen: uma aventura congelante), o filme se sobressai em muitos aspectos, e na minha — humilde — opinião, é uma das melhores e mais belas animações já feitas.
Histórias sobre amizades são feitas aos montes, mas Ernest & Celestine não trata apenas disso, não é uma amizade qualquer, é a quebra de uma enorme barreira social. A luta por essa amizade é construída de uma maneira tão delicada e tão linda estética e emocionalmente, que enquanto olhamos o filme não nos damos conta do quanto aprendemos com ele, independente da nossa idade. Ele exerce de maneira exímia o seu papel como fabula, e nos deixa uma linda lição de moral.
Afinal de contas quem disse que um rato e um urso não podem ser amigos? E que barreira é grande o suficiente, quando se tem amor, carinho e amizade?