Esses dias, enquanto eu terminava de jogar um dos Metroid Prime para fechar a trilogia de ranking das três franquias principais da Nintendo, eu fiquei traçando o histórico dos jogos de Metroid, Super Mario e The Legend of Zelda de acordo com as gerações de consoles. Chegou num ponto em que eu comecei catalogar como os jogos dessas franquias pontuaram os videogames da empresa, até que cheguei nessa lista.
Esse é um ranking rápido das melhores duplas de jogos dos consoles da Nintendo de acordo com a qualidade dos jogos. A melhor dupla não significa que tem os melhores jogos das duas franquias (pra isso confira o ranking do Super Mario e o ranking de The Legend of Zelda), e sim que a média dos dois jogos é a melhor.
Eu só vou levar em conta o principal volume da plataforma — então continuações ou spin-offs não contam. Eu acabei percebendo que o GBA não teve um título original de Super Mario, então The Minish Cap acaba não entrando na lista, enquanto o Wii possui duas gerações das duas franquias, então ele entra no ranking duas vezes — e, pra complicar mais um pouquinho, Breath of the Wild aparece em dois consoles distintos.
É surpreendentemente difícil de classificar essa lista, porque quando Super Mario lança um jogo mais ou menos, Zelda lança um baita jogo, e vice-versa. A exceção é o Nintendo DS, que tem um jogo bom do Mario, mas nada demais, e um jogo completamente esquecível de Zelda. Já o Game Boy tem o melhor Zelda de todos e um dos piores Mario (se é que um jogo do Mario consegue ser ruim).
Eu sempre achei que se tinha uma coisa que a gente já tinha total conhecimento, eram as cores. Nunca imaginei que (1) seres humanos conseguem criar tonalidades de cor; e (2) exista alguma cor que a gente ainda não tenha visto. Mas descobri que essas minhas duas certezas não faziam sentido quando eu li esse artigo sobre a primeira nova tonalidade de azul em dois séculos, YInMn.
O artigo é ótimo se você, como eu, não tem ideia de como tonalidades são criadas, nomeadas, patenteadas e licenciadas para uso (e como esses usos são categorizados de maneiras bem específicas). Sempre achei que cores fossem algo que a gente não tem domínio sobre porque é um aspecto intrinsicamente natural, já que quase tudo tem cor, mas olha como esse é um processo muito artificial:
Like all good discoveries, the new pigment was identified by coincidence. A team of chemists at Oregon State University (OSU), led by Mas Subramanian, was experimenting with rare earth elements while developing materials for use in electronics in 2009 when the pigment was accidentally created.
Andrew Smith, a graduate student at the time, mixed Yttrium, Indium, Manganese, and Oxygen at about 2000 °F. What emerged from the furnace was a never-before-seen brilliant blue compound. Subramanian understood immediately that his team stumbled on a major discovery.
“People have been looking for a good, durable blue color for a couple of centuries,” the researcher told NPR in 2016.
Não é todo o dia que meu mundo vira de ponta cabeça com um detalhe novo sobre como ele funciona. Hoje foi um desses dias.
Ali por 2017 eu voltei a usar um leitor RSS. Desde a morte do Google Reader lá no longínquo ano de 2013 eu não usava um RSS. Como outros milhares de usuários, eu acreditei que o Twitter e o Facebook eram uma boa alternativa: eles também tinham um feed de notícias e eu podia acompanhar meus sites e blogs favoritos por ali. É claro que eu tava enganado, os algoritmos do Facebook e do Twitter manipulavam seus feeds, e eu gradulamente fui parando de acompanhar os sites e os blogs que eu gostava, que ficavam dando espaço para posts de pessoas e de veículos que eu odiava, porque raiva cria mais engajamento — você vai comentar, reagir, compartilhar para mostrar para seus amigos como aquele post era péssimo e tudo o mais. Chegou num ponto, ali em 2017, que eu simplesmente odiava estar na internet.
Foi quando eu revivi minha conta no Feedly1, reorganizei meus feeds, limpei os sites que pararam de atualizar e os blogs que morreram naquele intervalo de cinco anos, e voltei a consumir notícias e textos principalmente por RSS. É difícil de dizer como isso mudou minha vida. Eu passo a maior parte dos meus dias na frente do computador, seja trabalhando, seja vendo filme, jogando alguma coisa ou conversando com meus amigos. Voltar a usar o RSS e a ter controle sobre minha própria curadoria da internet é excelente. Ao contrário do que outras pessoas dizem, fazer isso não nos isola ao redor das nossas próprias opiniões. Diferente do Facebook e do Twitter, os veículos que usam RSS são principalmente revistas digitais, blogs e sites de notícias. Eles não são voltados ao engajamento de posts curtos que removem o contexto de notícias ou se beneficiam de hot takes, eles prezam por textos mais longos e elaborados, onde o contexto em que algo está sendo escrito é tão importante quanto o motivo do texto em si. Não é à toa que, se a toxicidade da internet sempre existiu, ela estava muito mais escondida antes das redes sociais explodirem no final dos anos 2000: as plataformas que usávamos — fóruns, RSS e newsletters — eram mantidos por pessoas que também usavam essas mesmas plataformas, e se importavam em manter a qualidade delas.
Enfim, conforme eu fui me readaptando ao RSS eu comecei a usar um outro recurso que até então eu era bem cético, a Lista de Leitura. Eu nunca dei muita bola pra esse tipo de recurso até que eu precisei começar a organizar e fazer anotações das minhas referências pra dissertação de conclusão da faculdade, que consistiam principalmente em artigos de sites da internet (as discussões que eu tive com meu orientador sobre isso valem um post). Foi quando eu decidi experimentar o Instapaper, o pai desse tipo de serviço. No Instapaper você pode adicionar links que você quer ler depois, e o aplicativo faz o trabalho de extrair o conteúdo desse link, formatá-lo em um jeito confortável de ler (você pode personalizar cor e tipografia) e destacar e fazer anotações em trechos desse conteúdo. O Instapaper me ajudou horrores nessa época, porque eu podia organizar os links das minhas referências por capítulos da dissertação, destacar as partes que eu queria fazer uma citação direta, e ele registrava a data em que eu acessei esses artigos. Naquele ano o Instapaper virou o meu melhor amigo.
Há muito tempo que o Instapaper não é o serviço mais conhecido ou mais bem sucedido desse tipo. A funcionalidade é tão boa, e por um tempo ele se tornou tão essencial pra tanta gente, que os próprios navegadores começaram a criar recursos semelhantes integrados. O Chrome adicionou há poucas semanas o Read Later, o Safari possui a Lista de Leitura há alguns anos já; e o Firefox é integrado ao Pocket, uma alternativa mais poderosa e mais famosa ao Instapaper.
Todas essas opções fazem a mesma coisa: você salva um link nele e ele armazena em uma lista. O Safari e o Firefox possuem até mesmo uma “visão de leitor”, que basicamente reformatam o conteúdo do site, removendo anúncios e elementos gráficos que não pertencem ao texto principal. E o Pocket, que é integrado ao Firefox mas que você pode integrar através de extensões no seu navegador favorito, possui o mesmo recurso de tags e anotações do Instapaper. O fato de eles serem integrados aos navegadores, inclusive, permitem que sua lista de leitura seja sincronizada com todos os seus dispositivos e permite que os textos sejam salvos para serem lidos offline — para quando você for pra praia, em 2026, ver que não tem sinal e descobrir uma pilha de textos salvos sobre assuntos que você tinha muita curiosidade para ler sobre anos antes.
Lista de Leitura não é só útil para você salvar aquele texto longo que você encontrou no meio do caminho, quando você está navegando procurando alguma coisa e tinha um link para esse texto levemente relacionado que você quer ler uma hora dessas. Ele é excelente para esses casos, mas ele também é ótimo pelos mesmos motivos que um leitor RSS: ele ajuda na nossa curadoria do que consumimos na internet, nos incentivando a tirar um tempo para dar atenção à um conteúdo que oferece mais contexto e desenvolve mais um assunto do que uma thread no Twitter ou um textão no Facebook.
Esses recursos fazem um bem danado para sua saúde mental, mas para a saúde do seu computador e do seu celular também. Navegadores, principalmente o Chrome, deixaram de ser esses aplicativos leves e ultra rápidos e se tornaram um buraco negro que suga toda a energia e memória dos seus dispositivos porque acabamos tendo o péssimo hábito de deixarmos tudo o que queremos aberto em dezenas de abas que e usando recursos até que a gente decide que não quer mais ler aquilo porque o navegador está lento demais. Esses recursos existem justamente para resolver esse problema.
É comum a gente esquecer como o navegador é uma ferramenta poderosa simplesmente porque passamos o dia na frente dele. Mas um navegador nos oferece várias ferramentas para organizarmos o nosso consumo da internet, justamente para não nos sentirmos sugados por ela. Recursos como a Lista de Leitura e os Favoritos nos permitem salvar e organizar nossos links favoritos.
Do Feedly eu fui para o The Old Reader por um tempo, até que estacionei no Feedbin, o melhor cliente RSS que eu usei até aqui. Essa é uma das belezas do RSS: é um padrão aberto, e os dados são seus. Não quer mais usar um serviço porque achou um melhor? É só exportar sua lista de feeds e importar no outro. ↩
Eu acordo mais de uma vez por semana pensando algo do tipo “o que será que vai acontecer em Breath of the Wild 2?” ou “quando vai ser lançado?” ou ainda “será que a Zelda vai ser jogável?”. Em alguns desses dias eu revejo a única informação confirmada de Breath of the Wild 2: um trailer que anuncia o seu desenvolvimento:
E geralmente isso me faz perceber como é bom esperar por um novo jogo de Zelda. Só não é tão bom quanto finalmente jogar ele. Hoje em dia, com The Legend of Zelda: Breath of the Wild tendo sido lançado há quase quatro anos, é fácil de esquecer que esse também foi um jogo que a gente sonhou por muito tempo, e que por grande parte desse tempo a gente sabia muito pouco sobre ele.
Quando foi anunciado, em 2014, a gente só sabia que Zelda U seria em mundo aberto, como o primeiro jogo da série foi. Eu tava assistindo a coletiva de imprensa da Nintendo na E3 no meio da minha aula de história do cinema, quando esse trailer saiu:
Esse anúncio revelou tão pouco que a internet passou dias tentando tirar toda a informação possível: essa figura encapuzada era o Link mesmo, ou a Zelda finalmente seria a protagonista? O que é essa máquina de destruição que tá correndo atrás dele? Você viu COMO A GRAMA SE MEXE?
Enfim, Zelda U era pra ser o system-seller do Wii U, e acho que por um momento a Nintendo realmente acreditou nisso porque até deixou o Miyamoto e o Aonuma, que são designers que raramente fazem promessas sobre seus jogos antes de podermos ver eles em ação, comentarem sobre quando eles achavam que o jogo ia ficar pronto no final daquele ano:
Depois disso tudo começou a degringolar. O Wii U não foi um sucesso, e em 2015 e 2016 a Nintendo passou boa parte do tempo tentando colocar jogos na plataforma porque os desenvolvedores externos tinham debandado, mas a maior parte de seus estúdios já estavam lançando jogos muito melhores no Nintendo 3DS, que acabou virando o foco da empresa enquanto um novo videogame de mesa não ficava pronto.
E assim, Zelda U ficou de escanteio, com notícias sobre seus atrasos. Teve uma vez que foi pelo motor de física do jogo (ainda bem, porque o que apareceu no jogo final é excelente), teve outra que era teoria da conspiração, de que a Nintendo decidiu reformular o jogo para o NX (foi só uma meia verdade).
O fato é de que demorou um bocado de tempo, em termos de anúncios de jogos, pra que a gente pudesse ver Zelda U novamente. Foi só na E3 2016 que o jogo apareceu de novo. Não só isso, foi o único jogo que a Nintendo levou para a E3 naquele ano. Jornalistas puderam pôr as mãos nele pela primeira vez, e jogaram em um mapa que hoje sabemos que é o Grande Plateau, a (enorme) área inicial do jogo.
E daí a gente finalmente descobriu como o jogo ia ser chamado:
Breath of the Wild voltou a ser o centro das atenções pelo resto do ano ao lado da revelação do NX, que ia se chamar oficialmente Nintendo Switch. BOTW é um dos jogos exibidos no trailer que revelava o console. Pelo restante de 2016 a gente saberia que BOTW não era mais o system-seller do Wii U, e sim seu último título da Nintendo para o console. Agora ele seria o system-seller do Switch.
A pergunta é — quando?
A Nintendo programou uma coletiva de imprensa para revelar o preço, a data de lançamento e outros detalhes técnicos do Switch em janeiro de 2017. Para a surpresa de muitos, o Switch já estava quase pronto, e seria lançado em março daquele ano. A gente pôde ver pela primeira vez alguns dos jogos que iam ser lançados no primeiro ano do console: Splatoon 2, ARMS, Super Mario Odyssey, Mario Kart 8 Deluxe! Por toda a apresentação, o único jogo que ia ser lançado no mesmo dia que o videogame era o 1-2 Switch. Isso não soava certo.
É claro que não, a Nintendo tava deixando o melhor pro final:
Eu revejo esse trailer de tempos em tempos. É um dos meus trailers de jogos favoritos (tá junto com esse teaser de Halo 3), e deu o tom para o lançamento de BOTW. Não era só um Zelda com um mapa gigantesco, mas uma grande aventura por Hyrule. Todas as espécies que a gente aprendeu a amar na franquia estavam ali — os Zora, os Rito, os Gorons!! Os Gerudos!! Os Kokiri!!!!! —, a porra da Grande Árvore Deku tava de volta, caramba. A gente não sabia de nava o que estava acontecendo no trailer e, de alguma forma, isso parecia certo: BOTW era pra ser descoberto.
Ah, e no finalzinho, a Nintendo finalmente revelou que sim, Breath of the Wild ia ser o jogo de lançamento do Switch.
A Wikipédia fez vinte anos na última sexta-feira, dia 15. Eu considero ela o site mais importante da internet. É o site que melhor define a promessa do que a internet pode ser — um espaço de informação livre e colaborativa, onde pontos de vista se somam ao invés de se isolar. É gratuita, é distribuída, e se um dia sair do ar, o buraco que ele vai deixar na sociedade é gigante demais. A Wikipédia conseguiu ser inestimável para nós em tão pouco tempo que é difícil de pensar numa internet em que ela geralmente não é o segundo resultado em qualquer pesquisa no Google.
Now 20 years later — Wikipedia’s birthday is this Friday — nearly 300,000 editors (or “Wikipedians”) now volunteer their time to write, edit, block, squabble over, and scrub every corner of the sprawling encyclopedia. They call it “the project,” and they are dedicated to what they call its five pillars: Wikipedia is an encyclopedia; Wikipedia is written from a neutral point of view; Wikipedia is free content that anyone can use, edit, and distribute; Wikipedia’s editors should treat each other with respect and civility; and Wikipedia has no firm rules.
[…]
It is not perfect. There is trolling. There are vandals. There is bullying of “newbies” by editors. And there are imposters who edit not for the greater good but to serve the greed, vanity, or ambition of self-interested (sometimes paying) parties. And, yes, there are many, many weak and thinly sourced articles (only about 40,000 out of the site’s 6 million entries meet the higher standard of being “good articles”). There is also a gender imbalance within the domain of Wikipedia — in English Wikipedia, more than 80% of editors are men and just 18% of biographies are about women.
Regardless, Wikipedia is now a cornerstone of life online. How many wives did King Henry VIII have? Where does the word “fuck” come from? Why did people wear bearskin shoes? Wikipedia has all the answers.
Um grupo de aspirantes a desenvolvedores de jogos se juntaram para criar Six Seasons and a Game, um jogo de paintball assassino na faculdade de Greendale, o cenário de Community. E não é que o resultado ficou muito bom?
2021 is starting out on the right track...
6 seasons and a game is a free-to-play, fan-made, Community-themed paintball game. After much anticipation, the game-based-on-a-TV show you never knew you wanted is being released. A labour of love from volunteers is finally on steam! pic.twitter.com/YgC0sNSU8g
Six Seasons and a Game é um jogo de tiro em primeira pessoa, multiplayer e gratuito! Os voluntários encheram os cenários com referências à série (quer dizer, só a ideia do jogo ser um “paintball assassino” já entrega), e conseguiram criar espaços muito legais para interligar os espaços já conhecidos. Os corredores ao redor da sala de estudos dos protagonistas, por exemplo, só foi vista raramente durante a série. Aqui dá pra percorrer por tudo. O melhor é que, além de ser de graça, esse jogo é leve e divertido. Se você está procurando algo pra passar o tempo com seus amigos mas seus computadores não aguentam o tranco, Six Seasons and a Game é muito bem otimizado.
Essa não é a primeira vez que fãs de Community puseram as mãos na massa e fizeram um jogo. Enquanto a série ainda estava no ar, uns fãs recriaram Journey to the Center of Hawkthorne, um jogo de plataforma e aventura exibido em um episódio no final da terceira temporada, e também é um jogo gratuito e muito bom. Essa comunidade de Community é muito talentosa.
O artista Walead Beshty constrói peças feitas de vidro e as envia por FedEx para galerias e museus desde 2007. Ele as envia sem proteção, então quando as peças chegam elas estão danificadas, criando padrões de rachaduras nas superfícies:
Toda a vez que essas peças mudam de expositor, o artista as envia novamente por FedEx, sem proteção — então uma mesma peça nunca é a mesma entre exposições. Segundo uma entrevista do artista, sua intenção não é a de usar o “readymade” popularizado por Michel Duchamp com sua fonte, e sim de criar peças artísticas usando um sistema adotado por uma corporação gigante:
[…] Os objetos não são tratados de maneira diferente de outros pacotes da FedEx, eu simplesmente uso o sistema da FedEx para registrar como o objeto foi manipulado em termos estéticos. O resultado é um objeto que está mudando constantemente. Todas as vezes que o objeto é enviado, ele passa por uma transformação material.
Emily VanDerWerff é uma das minhas escritoras favoritas. Ela escreve sobre TV, sua história e suas dinâmicas, como ninguém, e o melhor, ela te faz entender o que funciona e o que não funciona em uma série de TV. Como as melhores críticas e ensaístas, VanDerWerff põe em palavras aquilo que a gente sente quando assiste algo.
No volume dessa semana da sua newsletter Episodes, VanDerWerff finalmente fala sobre o momento que, pra mim, é o mais importante em Gilmore Girls: quando a relação de Lane com sua mãe finalmente explode, e como Gilmore Girls não consegue tratar esse momento com o cuidado que ele merece:
Truth be told, I don’t think I could have told you what I hated about this storyline until my friend, Cassie, watched the entirety of the series over the past few months. Cassie’s viewing of the series immediately clarified for me what bugged me so much about this storyline: Once — just once — I wanted the show to take Lane’s desperation to live a life free from her mother’s influence as seriously as Lane did.
If the series were going to have a moment when it took Lane’s life seriously, it would have been somewhere in this season four storyline. That season is perhaps the show’s best, as it slowly but surely brings lots and lots of chickens home to roost, one of those being Lane’s long hidden secret life. Gilmore Girls excels at telling serialized stories where lightly comedic kookiness covers up something far bleaker, then at switching itself up tonally, so the bleakness breaks out and oozes over the comedy. Season four is the series’ best at this sort of tonal whiplash, particularly in its second half.
And for at least a little bit, Gilmore Girls takes Lane seriously in this storyline. The scene where Mrs. Kim kicks her daughter out of her house is a heartbreaking one, and the moment when Lane shows up at Rory’s door is, too. It feels like something the series has been building to for years and years — Rory and Lane, trying to shake off the influence of their mothers and making their way in the world.
Lane é a minha personagem favorita de Gilmore Girls, junto com Emily, porque as duas são as personagens mais bem exploradas até certo ponto, quando a série decide que se continuar cavando as dores e as frustrações delas, pode acabar respingando no carisma de suas personagens principais. Simpatizar muito com Emily pode tirar a coragem de Lorelai de viver fora das garras da mãe; observar como Lane tenta sair do relacionamento abusivo com sua mãe mas vê que Rory já está muito distante da sua realidade daria muito mais peso às dinâmicas de classe da série, algo que GG sempre preferiu tratar com muito mais sutileza e nuance.
Mas, como VanDerWerff escreveu na newsletter, Lane deixa de ser uma Lorelai 2.0 e se transforma em alívio cômico, e é a falta de seriedade com que a série (!) trata Lane a partir da quarta temporada que machuca bastante. Gilmore Girls sempre foi excelente em observar como relações íntimas, como as familiares e as amizades, podem ser abaladas para sempre mesmo que continuem existindo de alguma forma. Porém, Lane e a Sra. Kim não desenvolvem uma relação repleta de cicatrizes como a de Emily e de Lorelai — assim que sua mãe a visita em sua nova casa, as duas voltam à mesma dinâmica de antes (o que piora ainda mais na sétima temporada).
Enfim… Gilmore Girls? A melhor série já feita, tão boa que quando falha, falha por excesso de carinho.
Hardware matters, but in the end, portable console players want to connect to each other with as few barriers as possible. The legacy of the 3DS, at least for me, is as a reminder that gaming is more than just entertainment: It’s a social network. Strangers saw each other playing their 3DSes out in the world and forged quiet (or loud), immediate connections. The magic of the Switch is that it was one of the first consoles to bring those outside connections inside—from the cafe onto your sectional couch.
Eu comprei um Nintendo 3DS com o primeiro salário do meu primeiro trabalho. Eu e meus colegas da época jogávamos Mario Kart depois do almoço e antes de começar o turno da tarde. Depois que saí da empresa para ir para a faculdade, minha jogatina com o 3DS era quase sempre sozinha. Eu jogava no trem, indo de Porto Alegre para São Leopoldo, até que comecei a perceber que outras pessoas também estavam tirando seus videogames das mochilas e bolsas para jogar. Eu nunca fiquei amigo dessas pessoas, mas visitei várias cidades em Animal Crossing: New Leaf e perdi várias brigas no Super Smash Bros.
Esse tipo de interação era bastante único dos videogames portáteis: você via que alguém estava jogando, seja no parque, no shopping ou no trem, e tirava seu videogame. Antes do 3DS, você falava com a pessoa, vocês trocavam Friend Codes e então podiam jogar juntos. O 3DS facilitou um pouco esse primeiro contato. O próprio videogame piscava uma luz verde indicando que tinha alguém por perto, o Mii da pessoa chegava na sua praça virtual e vocês eram apresentados. Você olha ao redor e encontra a pessoa que acabou de conhecer.
Eu acho que o que tornou o Nintendo 3DS tão especial para aqueles que tiveram ele foi justamente esse sentimento de culminação, de a Nintendo entender completamente o apelo de um videogame portátil que consoles de mesa e celulares não tinham: o 3DS era uma espécie de sociedade secreta que você entrava e, ao mostrar o seu portátil para os outros, era recebido com boas vindas. O StreetPass, o SpotPass, o bloco de notas e o relatório de jogos eram recursos naturais em um videogame que você jogava em qualquer lugar, nem sempre confortável o suficiente para pegar o celular com outra mão e anotar o código que você precisa digitar na próxima fase do jogo. Tudo o que você precisava para jogar no 3DS, ele oferecia.
É algo que eu sinto bastante falta no Switch, que indica que a Nintendo vê ele muito mais como um console de mesa do que um portátil. Recursos sociais são escassos nele, enquanto que eram fundamentais pro sucesso do 3DS. O Switch é superior em quase todos os sentidos, mas a Nintendo sabia exatamente o que um portátil precisava no 3DS, e o tipo de interação que um videogame portátil provocava e incentivava. Com o fim daquele pequeno videogame (e da linhagem que ele seguiu), um pouco dessa mágica se perdeu.
Hardware matters, but in the end, portable console players want to connect to each other with as few barriers as possible. The legacy of the 3DS, at least for me, is as a reminder that gaming is more than just entertainment: It’s a social network. Strangers saw each other playing their 3DSes out in the world and forged quiet (or loud), immediate connections. The magic of the Switch is that it was one of the first consoles to bring those outside connections inside—from the cafe onto your sectional couch.
Eu comprei um Nintendo 3DS com o primeiro salário do meu primeiro trabalho. Eu e meus colegas da época jogávamos Mario Kart depois do almoço e antes de começar o turno da tarde. Depois que saí da empresa para ir para a faculdade, minha jogatina com o 3DS era quase sempre sozinha. Eu jogava no trem, indo de Porto Alegre para São Leopoldo, até que comecei a perceber que outras pessoas também estavam tirando seus videogames das mochilas e bolsas para jogar. Eu nunca fiquei amigo dessas pessoas, mas visitei várias cidades em Animal Crossing: New Leaf e perdi várias brigas no Super Smash Bros.
Esse tipo de interação era bastante único dos videogames portáteis: você via que alguém estava jogando, seja no parque, no shopping ou no trem, e tirava seu videogame. Antes do 3DS, você falava com a pessoa, vocês trocavam Friend Codes e então podiam jogar juntos. O 3DS facilitou um pouco esse primeiro contato. O próprio videogame piscava uma luz verde indicando que tinha alguém por perto, o Mii da pessoa chegava na sua praça virtual e vocês eram apresentados. Você olha ao redor e encontra a pessoa que acabou de conhecer.
Eu acho que o que tornou o Nintendo 3DS tão especial para aqueles que tiveram ele foi justamente esse sentimento de culminação, de a Nintendo entender completamente o apelo de um videogame portátil que consoles de mesa e celulares não tinham: o 3DS era uma espécie de sociedade secreta que você entrava e, ao mostrar o seu portátil para os outros, era recebido com boas vindas. O StreetPass, o SpotPass, o bloco de notas e o relatório de jogos eram recursos naturais em um videogame que você jogava em qualquer lugar, nem sempre confortável o suficiente para pegar o celular com outra mão e anotar o código que você precisa digitar na próxima fase do jogo. Tudo o que você precisava para jogar no 3DS, ele oferecia.
É algo que eu sinto bastante falta no Switch, que indica que a Nintendo vê ele muito mais como um console de mesa do que um portátil. Recursos sociais são escassos nele, enquanto que eram fundamentais pro sucesso do 3DS. O Switch é superior em quase todos os sentidos, mas a Nintendo sabia exatamente o que um portátil precisava no 3DS, e o tipo de interação que um videogame portátil provocava e incentivava. Com o fim daquele pequeno videogame (e da linhagem que ele seguiu), um pouco dessa mágica se perdeu.
Meus pais me perguntaram se eu tava precisando de algo esse ano pra que eles pudessem me dar de presente de Natal. Faz uns anos já que eu nunca preciso de nada (eu tenho um trabalho, pais!), mas sempre lembro de um jogo que eu quero comprar ou de uma edição de colecionador de um filme que eu encontrei por aí e essa é geralmente a oportunidade perfeita de não desperdiçar meu dinheiro nesse tipo de coisa.
Eu não tinha nada pra pedir, então dei aquela mentira de que não precisava de presente embora soubesse que se eu não ganhasse nada no dia 24 de dezembro eu ia ficar ofendido. Na noite de véspera de Natal, que é quando a gente troca os presentes aqui em casa, minha mãe me surpreendeu com uma escova de dentes.
Eu não esperava. Escova de dente é aquele lance que eu esqueço de comprar no mercado e acabo usando a mesma por meses a fio até o ponto em que a minha gengiva começa a sangrar porque as cerdas tão uma pra cada lado e duras como espinho. Quando eu tô que não consigo falar, eu vou no mercado e compro a escova de dentes mais barata que eu encontro. Não que eu não dou bola pra minha higiene bucal, eu dou! Escovar os dentes e limpar a boca é um ato religioso pra mim, com horário marcado e duração mínima estipulada, mas eu não quero gastar 35 reais na escova de dentes da Colgate que tem um cabo antiaderente ou coisa e tal.
Enfim, eu gostei da surpresa. Eu gosto de presente simples e criativo, como uma escova de dentes. Mas eu não tava esperando que essa escova de dentes ampliasse meus horizontes sobre o que é conforto. Meus amigos, eu tô no céu. Pra quem dá importância para aqueles minutos que tu fica com um pau na boca com uma pasta de sei-lá-o-que sendo espalhada pelos seus dentes todos os dias, se sentir confortável escovando os dentes é essencial. Deixa eu mostrar a dita cuja:
E aqui, um close das cerdas macias e perfeitas, que eu sinto abraçarem meus dentes para massagear com a pasta de dentes:
Pelo que diz na caixa, o nome dessa escova é “Powerdent Eco Care Light”. Ela é bem light mesmo, é levinha de segurar e o cabo parece ser feito de algum material verdadeiro, não de plástico. Madeira, ou carvão, algo assim. E as cerdas, meus amigos. À primeira vista eu achei que ela era pequena demais, mas quando eu usei pela primeira vez ela me surpreendeu, indo em lugares onde as outras escovas jamais foram, preenchendo cada espaço que antes eu precisava fazer malabarimos para encontrar.
É aquele tipo de presente que você agradece (literalmente) todos os dias por ter ganho. Todos os dias eu lembro como minha vida ficou melhor depois daquela estranha noite de 24 de dezembro de 2020, o dia em que eu ganhei uma escova de dentes de Natal.
A distribuidora Supo Mungam Filmes trouxe pro Brasil alguns dos melhores filmes dos últimos anos, como Em Trânsito e Retrato De Uma Jovem Em Chamas. No fim do ano passado eles anunciaram que iam finalmente lançar esse excelente catálogo de filmes em DVD e blu-ray (você pode reservar a edição lindíssima de Retratono site da Versátil!), e que iam montar um serviço de streaming dedicado à filmes independentes e autorais.
O serviço, chamado Supo Mungam Plus, vai trazer novos filmes pro catálogo todas as sextas-feiras desse mês, começando com Bamako (Abderrahmane Sissako, 2006) e O Conto das Três Irmãs (Emin Alper, 2016) no próximo dia 8.
A lista até o final do mês inclui alguns filmes excelentes: na próxima sexta entra o clássico recém redescoberto O Funeral das Rosas (Toshio Matsumoto, 1969), que estava no acervo do MUBI até pouco tempo. No dia 29 entram o excelente Entre os Muros da Escola (Laurent Cantet, 2008) e Obediência (Craig Zobel, 2012), que eu quero muito assistir. É o primeiro grande papel da Ann Dowd, uma atriz que eu adoro.
O SMP já têm uns filmes excelentes no catálogo também, eu tava dando uma conferida e, além do magnífico Em Trânsito, também está por lá Wendy & Lucy da Kelly Reichardt, diretora de filmes excelentes pra você assistir durante o isolamento; e Eu, Olga Hepnarová de Petr Kazda e Tomás Weinreb, um filme polonês perturbador que não sai da minha cabeça desde que eu vi há uns bons três ou quatro anos.
Rachel Handler é uma das jornalistas que eu mais gosto de acompanhar o trabalho. Ela escrevia para o The Dissolve, um site sobre filmes que eu amava muito, e sua escrita tinha um tom próprio muito forte: era bem humorado ao mesmo tempo que direto. Ela escrevia sobre qualquer coisa de forma clara, mas conseguia colocar tangentes nos assuntos com observações incisivas e hilárias. Ela tinha uma coluna no The Dissolve chamada “Female Stuff” que eu revisito até hoje.
Enfim, Handler tem escrito para a Vulture/New York Magazine pelos últimos anos, e seu trabalho continua incrível. Mas o texto que ela publicou há algumas semanas é simplesmente a melhor coisa que eu li em meses, uma investigação sobre o desaparecimento misterioso de bucatini, um tipo muito específico/chique de macarrão (aquela espécie de espaguete grossa e longa, com um furo no meio para o molho entrar e explodir na boca quando mastigados) durante a pandemia nos EUA.
“What the Hole is Going On?” começa com ela e seus amigos desesperados buscando esse macarrão por Nova York no meio da pandemia, e acaba se desenrolando de maneira surpreendentes — um pouco disso pelos nomes italianos das pessoas que ela cruza na busca por respostas, o que faz tudo parecer um episódio muito bem humorado de Família Soprano.
Curte só um trechinho, mas eu recomendo ler tudo:
“Rachel!” he roared. “I’ve touched closely to the reason. Because of the environment, people have been using bucatini as straws, instead of a plastic straw.”
“I’m sorry, what?” I asked.
“Yes. You can buy them. There are a couple of companies making them. You can have your soda and then eat your straw,” he said. “It’s like eating your fork or knife.” My mind reeled as it tried to understand and accept this information as true. “But pasta is not a ready-to-eat product,” Rosario added. “You have to cook it. So when you use pasta to drink sodas, you’re drinking and eating a not-ready-to-eat product. You put yourself at risk because that product has never been pasteurized or killed. And the only pasta cut affected is bucatini because of the hole.”
This made both perfect sense and absolutely no fucking sense at all, the sort of demented-timeline event that could only happen in 2020, when everything is, metaphorically, an innocent piece of pasta turned into a straw in a bid to help the environment that actually ends up being fatally dangerous. I confessed to Rosario that every time I made bucatini, I ate several raw strands per minute as I cooked it, as a sort of barometer of al dente–ness. I wondered if I was now going to die because of it, and I made peace with this instantly.
Mario Bros. é uma das franquias mais famosas e importantes dos jogos, e tá fazendo trinta e cinco anos. Para comemorar, a Nintendo relançou no fim do ano passado os excelentes 64, Sunshine e Galaxy na coletânea Super Mario 3D All-Stars, e vai relançar o (também excelente) Super Mario 3D World, até então exclusivo do Wii U, no Switch em março.
Eu amo essa franquia. Junto com The Sims, os jogos do Mario são os que eu mais joguei antes de Breath of the Wild chegar na minha vida. E na vida de muita gente também, e pra comemorar o aniversário dos jogos o Kotaku tá fazendo uma série de artigos sobre a evolução dos personagens. Dois textos já foram publicados, um sobre o legado da princesa Peach e outro sobre a evolução e o charme do Bowser.
São textos bem bons que observam como os personagens vão se adaptando aos jogos conforme a tecnologia dos consoles da Nintendo foi evoluindo nas últimas décadas, mas também como eles foram tomando um legado próprio ao lado do próprio Mario.
No texto sobre a Peach, Mike Shoars escreve sobre como a relação do jogo com a outra princesa de Super Mario Galaxy é fundamentalmente diferente:
Mario helps Rosalina, but he never rescues her. In the game’s climax, Rosalina and her Lumas undo the damage of Bowser’s newly-formed sun collapsing in on itself and destroying the universe. In her farewell to Mario, she grows to near-Bowser size, speaks about the birth of new stars, before saving all of creation. She is the closest thing we ever see in the main Mario games (don’t @ me, Paper Mario fans) to God.
E como Bowser evoluiu de um simples vilão de videogame para um vilão de videogame que se preocupa em ser um bom pai:
Both versions, interestingly enough, have embraced his most unique aspect: his fatherhood. Bowser Jr. is portrayed as an enthusiastic and tech-minded member of Bowser’s army in the main games, balancing out his dad’s more old-fashioned reliance on dark magic and airships. In the most recent RPGs, especially Paper Mario: The Origami King, Bowser’s status as a sometimes-competent warlord and a patient, supportive father is a huge part of his character arc. In a multimedia franchise owned by a corporation that approaches change in a cautious, measured fashion, Bowser just keeps growing.
Bem que a Nintendo podia colocar Super Mario Galaxy 2 no Switch também…
Mesmo com mais tempo livre para ficar assistindo TV durante os últimos dez meses, eu não assisti muito mais séries do que em 2019. Minha grande suspeita, como eu já expliquei em agosto, é que eu não ando mais maratonando séries. Eu prefiro ver elas por semana, ou no mínimo dia sim, dia não. Mesmo assim, algumas séries realmente me ajudaram a manter um senso de continuidade em um ano onde tudo pareceu parado.
Eu não vou listar todas as séries que eu vi ou que eu comecei a ver esse ano, mas sim aquelas que eu acho que me estimularam e que eu gostei de ter feito companhia nos meus finais de tarde aqui em casa, mais ou menos na ordem que eu assisti elas.
Fleabag (Prime Video). Foi revendo essa série entre fevereiro e março que me fizeram voltar a escrever pro Pão. Ainda é uma das melhores séries que eu já vi.
The Good Place (Netflix). A última temporada acabou sem fazer muito barulho, mas o bom humor e a honestidade emocional que a série usa para explorar ideias como “o que é ser uma pessoa boa?” e “como viver feliz?” foram essenciais ali pros meses onde tudo ainda estava muito confuso.
Community (Prime Video e Netflix). Ah sim, eu revi Community esse ano também, como todos os anos. Mas também foi a primeira vez que eu revi Community enquanto muitas outras pessoas viam e vinham conversar comigo sobre a série. Foi algo bem especial pra mim, e me ajudou a aguentar (e a aumentar) a saudade que eu sinto dos meus amigos.
The Wire (HBO). Como Gilmore Girls, eu vejo The Wire todos os anos. Eu revejo essa série uma vez por ano desde 2009, quando eu vi ela pela primeira vez. É um ritual quase religioso pra mim. Acho que eu nunca vi alguma obra que consegue traçar um panorama e fazer um mergulho nos sistemas que moldam a sociedade com todas as suas armadilhas. É uma série que nos faz ter uma visão mais aguçada das coisas, e um lembrete para observar mais a fundo como a gente falhou em 2020.
Central Park (Apple TV+). Eu não tinha ideia que eu ia acabar gostando de uma série na Apple TV+ mas puxa vida, Central Park é divertido demais. Eu adorei como a série misturou musical com eventos nada grandiosos do dia-a-dia de uma família. Ver as pessoas se divertindo em um parque (mesmo que numa animação) me fez lembrar de como é bom caminhar por aí.
Betty (HBO). Essa série foi uma surpresa maravilhosa pra mim. Eu nunca pensei que ia gostar de acompanhar skatistas matando o tempo pelas ruas de Nova York, mas acabou sendo o ponto alto das minhas semanas — passar o tempo com elas é bom demais, e me fez um bem pra caramba.
Eu Terei Sumido na Escuridão (HBO). Eu não acredito em “guily pleasure”, então fica aí a declaração que eu amo série sobre investigação de assassinos em série, mesmo as mais bobas, mas Eu Terei Sumido na Escuridão me pegou de surpresa por virar a premissa de ponta-cabeça e não tornar o assassino em uma figura mitológica, se interessando muito mais pela visão que suas sobreviventes tinham dele, e da escritora que ajudou a resolver o caso.
I May Destroy You (HBO). Foi difícil ver a minha série favorita do ano, porque ela entra na pele da sua protagonista de um jeito tão desconfortável que era duro olhar pro que ela revelava da Arabella (e de mim), mas ao mesmo tempo era impossível não assistir, porque a intensidade dessa série é contagiante. Não saber o que vai acontecer na cena seguinte era o lampejo de imprevisibilidade que eu precisava.
Gilmore Girls (Netflix). Eu decidi rever Gilmore Girls com mais calma esse ano, porque eu acabei usando a série como uma muleta nos anos anteriores e eu precisava cuidar um pouco mais de mim e não me deixar fugir para Stars Hollow na primeira oportunidade. Mesmo assim, eu continuo visitando minha cidadezinha favorita da TV uma vez por semana. É sempre bom.
Perry Mason (HBO). Fiquei preocupado que os primeiros episódios de Perry Mason eram muito “TV prestígio”, mas o terceiro episódio chegou e a série me ganhou com seu interesse em ir além do protagonista-trágico. São poucas as séries hoje que conseguem ter o fôlego de deixar seus personagens coadjuvantes terem suas próprias trajetórias. Mal posso esperar pela segunda temporada.
Enlightened (HBO). Se você lê A Baguete já sabe que eu quero escrever sobre esse clássico cult de duas temporadas, mas a versão resumida vai aí: Laura Dern se destrói inúmeras vezes nessa série, mas é em todas as novas maneiras que ela encontra para se reconstruir que mora a beleza.
The Mandalorian (Disney+). Eu gosto bem mais da primeira temporada porque ela não tenta ficar conectando tantos eventos à Saga Skywalker, mas Pedro Pascal sendo o pai de um bebê Yoda em uma série bem episódica como há tempos não víamos é tudo de bom. Mal posso esperar pra rever o Mando em dezembro.
The Americans (Prime Video). Chegou no finalzinho do ano, e é o que eu tô assistindo agora. Impressionante como eu não escrevi sobre The Americans ainda por aqui, porque quando ela estava no ar há uns anos era algo que eu não conseguia parar de falar sobre com meus amigos. Eu tô no início da segunda temporada agora, e amando como a série é bem sutil em transformar o drama da primeira (espiões que também são um casal com problemas conjugais) com o da segunda (pais que percebem que o trabalho deles coloca a vida de seus filhos em risco).